Presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, diz que má qualidade de cursos motiva reprovação (Foto: Wilson Dias/ABr) |
saiba mais
O exame, realizado em dezembro de 2010, reprovou 88,275% dos 106.891 bacharéis em direito inscritos. Do total, apenas 12.534 candidatos foram aprovados, de acordo com a OAB. O índice de reprovação da edição anterior já havia chegado a quase 90%. A prova é realizada pela Fundação Getulio Vargas.- VEJA LISTA DE FACULDADES COM APROVAÇÃO ZERO NO EXAME DA OAB
- Exame de Ordem reprova 88% dos inscritos, segundo OAB
- Confira os nomes dos aprovados no exame da OAB
- Corte de vagas em cursos de direito é 'positivo', diz presidente da OAB
- MEC reduz quase 11 mil vagas em cursos de direito do país
- MEC diz que avaliações de cursos não substituem o Exame da OAB
- 'Exame da OAB é tão difícil que, hoje, eu não passaria', diz desembargador
A assessoria da FGV informou que os nomes dos aprovados foram disponibilizados na internet em 19 de junho.
"O presidente (da OAB) vai notificar o Ministério da Educação para colocar todas elas em regime de supervisão, que pode levar ao cancelamento", disse o secretário-geral da Ordem, Marcus Vinícius Furtado Coelho.
O MEC registra 1.120 cursos superiores de direito no país. São cerca de 650 mil vagas, segundo a OAB. Atualmente o MEC faz supervisões a instituições que têm mau desempenho no Exame Nacional do Desempenho dos Estudantes (Enade).
“Isso é reflexo, infelizmente, do ensino jurídico do Brasil", disse o presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante. Os candidatos que fazem a prova pela segunda vez têm 7% de aprovação, em média, segundo a OAB. Aqueles que fazem o exame pela primeira vez ou estão no nono e décimo períodos da faculdade (treineiros) têm média de 25% de aprovação.
De acordo com Cavalcante, um estudo feito por ele com dados dos últimos quatro exames anteriores ao de dezembro de 2010 mostra que as 20 melhores instituições de ensino superior públicas aprovam, em média, entre 70% e 90% dos candidatos inscritos. Nas 20 piores universidades públicas e as 20 melhores universidades privadas, a aprovação média é de 40% a 60%. Já as 20 piores instituições particulares aprovam entre 3% e 5%. “Isso puxa para baixo o número de aprovações. Infelizmente, o maior número de estudantes está nas faculdades privadas”, disse Cavalcante.
Segundo Coelho, um grupo de universidades teve aprovação média de candidatos entre 80% e 90%. De acordo com o secretário-geral da OAB, são elas: Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Ceará (UFCE), Universidade Federal do Piauí (UFPI), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Universidade Federal de Sergipe (UFS). "Isso significa que as boas aprovam quase todos os estudantes na primeira tentativa", disse Coelho.
O presidente da OAB disse que estuda a possibilidade de questionar na Justiça as aprovações de novos cursos feitas pelo Conselho Nacional de Educação “Não podemos conceber que o Conselho Nacional de Educação, fugindo dos parâmentos técnicos, autorize novas vagas”, afirmou.
Com relação às críticas de candidatos à dificuldade do exame, Cavalcante disse que não há reserva de mercado. “A OAB vive exclusivamente da contribuição dos integrantes. Os advogados pagam anuidade. Se tivéssemos dois milhões, teria recursos para desenvolver atividades bem maiores. Temos 700 mil advogados. Para a OAB, seria confortável. Nossa preocupação não se mede pelo número, mas pela qualidade”, disse.
A primeira prova do próximo Exame de Ordem da OAB está marcada para 17 de julho. A segunda fase está prevista para 21 de agosto.
Treineiros
Em nota enviada ao G1, a Faculdade Maranhense São José dos Cocais, de Timon, no Maranhão, identificada na lista da OAB como Faculdade São José, afirmou que os sete participantes do Exame de Ordem de dezembro de 2010 estavam no décimo período do curso na época da inscrição, por isso fizeram a prova como treineiros. "Somente agora (ao final de 2010) tivemos alunos que concluíram o curso de direito, portanto os sete alunos citados pela OAB, e na matéria, eram treineiros. Não tinham concluído o curso", afirmou o diretor da faculdade, Marco Lago.
A Faculdade Maurício de Nassau de Salvador informou que não possui nenhum aluno em período de realizar o Exame da Ordem, por isso não teve qualquer estudante inscrito no teste para obtenção de registro. Atualmente, a turma mais avançada de direito da instituição está no oitavo período. A faculdade enviou ofício à OAB solicitando a retirada do nome da lista das unidades de ensino superior com aprovação zero no último exame.
Nenhum comentário:
Postar um comentário