quarta-feira, 29 de junho de 2011

Médicos investigam lágrimas com sangue

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A cearense está estudando no interior paulista
FOTO: DIANA VIANA DE OLIVEIRA/REPRODUÇÃO G1
A cearense Débora Oliveira dos Santos, de 17 anos, que afirma sangrar pelos olhos quando fica nervosa, triste ou ansiosa, está tendo seu caso investigado por médicos paulistas. A jovem que deixou o Ceará há dois meses em busca de tratamento em São Paulo, encontra-se residindo na cidade de Meridiano, no interior paulista, onde os populares a chamam de "a garota que chora sangue´´.

A jovem, que relata também sangrar por outras partes de seu corpo, está sendo examinada pelo Hemocentro do Hospital de Base de São José do Rio Preto. Na ocasião, todo o tipo de sangramento apresentado é apurado. A análise vai esclarecer se esses sangramentos são decorrentes de uma coagulopatia (distúrbios da coagulação sanguínea) ou problemas emocionais. Um tipo de tumor é a hipótese mais remota. Só após o resultado dos testes a que ela será submetida será possível definir um tratamento para a garota.

Comprovam
Um médico e o prefeito de Meridiano, município de quase 5 mil habitantes, afirmaram à imprensa terem visto o sangramento em Débora e ficado assustados. A mãe da estudante, a dona de casa Maria Gorete Oliveira dos Santos, de 43 anos, confirma a história. A prima da jovem encaminhou fotos que mostram os olhos da jovem sangrando. Um vídeo também foi postado na internet e exibe uma das crises da garota. Em entrevista, Débora relata seu drama vivido. "Eu me controlo para não chorar. Não posso me exaltar bastante porque vou sangrar. Eu ainda não me acostumei. É muito chato eu não poder me expressar. Vou fazer prova, fico nervosa, choro e sai sangue. Alguns meninos e meninas ficam assustados e sentem nojo. Ficam longe de mim. Então eu fico meio que isolada dos demais, na escola", contou.
Parentes contam que Débora começou a sangrar com 14 anos, quando trabalhava como babá e foi agredida por sua patroa no Ceará. Os sangramentos eram somente nos ouvidos e nariz. No ano passado, ela passou a sangrar também pelos olhos, couro cabeludo e mamilos, segundo a mãe da jovem.
Dona Maria Gorete acrescentou que o estado de Débora piorou quando o pai dela morreu afogado em maio do ano passado, no Ceará, tentando salvar um dos irmãos da jovem.
"Foi a vez que Débora mais chorou e sangrou. Ela precisou ser internada porque já estava entrando num quadro de hemorragia", relatou a mãe da garota.
De acordo com a família da adolescente, em Fortaleza os médicos suspeitaram de púrpura trombocitopenica idiopática (PTI), doença relacionada à coagulação do sangue, caracterizada pela diminuição do número de plaquetas. A PTI, que também pode ser chamada de púrpura trombocitopenica imunológica, quando estiver relacionada ao aparecimento de anticorpos que destroem as plaquetas, provoca sangramentos.
Os médicos cearenses prescreveram Transamin e Dexametasona para Débora tomar, segundo os parentes. Os medicamentos continuam sendo ministrados para controlar a coagulação sanguínea. Apesar disso, os remédios não acabaram com os sangramentos, segundo Gorete.
"Como no Ceará os médicos não determinaram o que minha filha tem direito, e os remédios não trouxeram a cura, vim para São Paulo. Foram os próprios médicos cearenses que aconselharam vir a São Paulo buscar resposta para saber o que minha filha tem", finalizou.
Em 2010, a agricultora Quitéria Calisto de Lima, de 41 anos, moradora em Caririaçu também começou a lacrimejar sangue. Ela veio a Fortaleza submeter-se a exames, no entanto, negou-se a realizá-los, alegando ter sido curada. Em abril deste ano, voltou a sangrar.

ADALMIR PONTEREPÓRTER

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