A Organização Mundial de Saúde calcula que 17 milhões de brasileiros têm depressão. Isso quer dizer que de cada cem pessoas nove estão com o problema. A auxiliar administrativa Lídice Freire termina em junho o tratamento de um ano. Viu que precisava de ajuda quando passou a sentir um desconforto permanente. “Muita ansiedade, memória falha, desmotivação, fora a insônia que eu já tinha”.
O desempenho caiu muito, em casa e no trabalho. “Eu não estava conseguindo ser aquela supermãe, aquela superprofissional”. Problemas no trabalho podem ser responsáveis pela depressão, como a sobrecarga de tarefas, a falta de perspectiva de crescimento profissional, o ambiente ruim entre os colegas e com a chefia. Transtornos mentais e de comportamento, como a depressão, já são a terceira causa de afastamento do trabalho no Brasil. Só no ano passado, mais de 80 mil profissionais tiraram licença pelo INSS para se tratar. No governo do distrito federal existe um programa para ajudar os funcionários. “Vejo o que ele está passando na sua vida, tanto no trabalho quanto no dia a dia,e encaminho para o apoio psicológico. Ele pode ser readaptado, realocado em outra posição em outro setor”, explica a psicóloga Ellen da Silva. O programa também orienta os chefes. “Além de liderar, o chefe tem que ter uma sensibilidade”. Qual é a diferença entre um quadro de depressão e um simples desânimo, um período de tristeza? “Ela não tem vontade mais de fazer as coisas. Quer ficar quieta, parada, deitada. Não tem vontade de trabalhar, não tem vontade de sair, diminuição da libido”, afirma Synara Ferreira, psicóloga. Além da ajuda de médicos e terapeutas, é preciso ter vontade de reagir. “Ela pode fazer uma atividade física, uma coisa que ela goste de fazer, é muito importante que ela goste de fazer”. Lídice aprendeu a ser menos exigente com ela mesma e começou a fazer corridas todos os dias. Está pronta para retomar a vida. “Daqui para frente, só coisas boas, se deus quiser”.
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