quinta-feira, 7 de abril de 2011

Vigilantes do peso


FOTO: ALANA ANDRADE
Quem hoje vê a consultora de moda Ticiana Albuquerque
 linda, loura e magra, nem de longe desconfia
 que ela já travou uma luta feroz com a balança.
Aliás, brigou contra os quilos extras e venceu.
FOTO: ALANA ANDRADE

Quem é gordinho, com certeza, é especialista em dietas e sabe todas as dicas para emagrecer. Mas um ex-gordo não só sabe de tudo isso, como também é um eterno vigilante. O Zoeira conta histórias de jovens determinados que suaram a camisa para entrar em forma. Hoje, exibem orgulhosos a conquista A consultora de moda Ticiana Albuquerque, 27 anos, chama atenção por onde passa. Magra e elegante, ela não dá “bandeira” que já foi gordinha um dia. “Sempre fui uma criança fofinha. Na adolescência inteira eu fui gorda e ainda usava aparelho”, relembra.
Só aos 17 anos que Ticiana resolveu fazer uma reeducação alimentar pra valer. “Eu gosto de comer. É um prazer e eu não tinha limite. Só que eu comecei a procurar mais informações e fiquei mais consciente tanto da parte estética, quanto nutricional”, ressalta. Com ajuda da mãe, que passou a cozinhar com produtos integrais e diet, ela descobriu a soja e privilegiou frutas, verduras e evita a fritura.
Além da alimentação correta, os exercícios físicos- que ela já praticava, como dança (jazz e sapateado) e musculação, se intensificaram. “Sou pisca com academia. Faço atividade física seis vezes por semana, intercalando a dança com o treinamento funcional. Mas, tenho muita disciplina. Se eu tiver um compromisso um dia que for na hora da academia, eu antecipo e faço antes. Encaro mesmo como uma coisa importante”, ensina. Tanto esforço e disciplina eliminaram 12 quilos do corpo - agora esbelto - da consultora de moda. Mas, ela garante que não se priva de todas as delícias gastronômicas. “Sem dúvida meu pecado é o doce. Mas tenho controle. Às vezes eu penso que se comer um brigadeiro, não vou conseguir queimar as calorias dele num dia de exercício. Aí eu não como. Mas tem dia que eu como mesmo. Aí desconto depois. Tem semana que até no domingo eu encaro 6km de corrida. É controle todo dia”, conta.
Ticiana conta que nunca deixou de fazer o que tinha vontade quando era gorda. Sempre atenta aos últimos lançamento da moda, ela procurava roupas que coubessem, fazia dança e era muito popular no colégio. “Entre a infância e a adolescência era muito difícil comprar roupa pra mim. Não sabia onde achar, se era na sessão adulto ou infantil”.
Ela sabe que emagrecer é difícil e requer muita força de vontade. Por isso, tem o maior orgulho de contar sua história e de dividir com outras pessoas sua experiência. Tanto que levou algumas dicas para seu próprio site (http://www.praladeprafrente.com.br/), que entra hoje no ar. “Além de moda, falo sobre bem-estar, saúde, esporte, dança”, antecipa.
Exigente, Ticiana diz que ainda quer emagrecer seis quilos, ganhos em uma recente viagem aos Estados Unidos. “Lá eu não tinha muita rotina e tudo que me afaste de uma alimentação saudável e da prática regular de atividade física me engorda. Mas vou emagrecer. Minha meta é sempre entrar numa roupa 38”, brinca.
Para agradar as meninasAssim como Ticiana, o professor Diógenes Macedo, 25 anos, também foi gordinho desde a infância. Quando saiu de Crateús para morar em Fortaleza para estudar, aos 15 anos, o já “fofo” adolescente engordou mais 40 quilos. “Antes, eu fazia vários esportes, como natação, corrida, andava de bicicleta e patins. Quando vim pra cá eu parei tudo e meu esporte era comer”, relembra.
A alimentação de Diógenes não só era errada, como também exagerada. Ele conta que saia com o amigo Leonardo Capibaribe (outro ex-gordinho) para lanchar e não era menos que dois sacos de pão, um pacote de salsicha, 10 biscoitos recheados e dois refrigerantes de dois litros. “E quando chegava em casa, antes de dormir, ainda jantava, viu?”, confidencia aos risos. Graças a esse tipo de exagero, chegou a pesar 125 quilos. Diógenes garante que nunca sofreu nenhum tipo de bullying na escola e era popular. Mas, quando o assunto era namorar as meninas, ele saia em desvantagem. “Resolvi emagrecer por causa das meninas”, confessa. Então, de um dia para o outro, o então estudante decidiu marcar uma consulta ao nutricionista e voltou a fazer exercício.
A alimentação foi reduzida e passou a incluir frutas e verduras, trocou macarrão e o arroz pela salada e adotou os produtos integrais. Mas, foi o treino - cinco vezes na semana - de 6 km de corrida e caminhada que o ajudaram a secar 50 quilos, em apenas seis meses. “A corrida foi muito importante para isso. Eu sentia a diferença na calça jeans às vezes de uma dia para o outro quando eu corria”.
O exemplo de Diógenes acabou influenciando o amigo, companheiro dos lanches engordativos, que também entrou na dieta e na academia. A duplas “dinâmica” conhecida pro “Mil Quilo e Tonelada” voltou a ser dupla, mas agora de ex-gordinhos.
“Eu cheguei a pesar 72 quilos, mas eu fiquei muito magro, com o rosto abatido. Parecia o Cazuza doente. Aí resolvi fazer musculação e agora estou com 80 quilos. O problema é que ex-gordinho fica na paranoia parecida com a das mulheres, achando que é preciso sempre eliminar mais três quilos”, conta aos risos.
A nova forma também deixou Diógenes mais vaidoso, passando a se preocupar mais com as roupas. E o motivo que o levou a tanta transformação? “As meninas? Ah, ficou tranquilo!”. A namorada é daquela época? “Não! Muitas já passaram”.
Força de vontade
Para o diretor de arte Emídio Soares, 26 anos, não foram roupas, meninas nem pressões externas que o fizeram modificar toda sua rotina e emagrecer 45 quilos. “Não aconteceu nada que me fez querer isso. Simplesmente um dia cheguei para a minha mãe e pedi para me levar a um endocrinologista. Lá, ela me passou uma reeducação alimentar. Sai do consultório direto para o supermercado para comprar os produtos da lista. Comecei a dieta no mesmo dia: uma quinta-feira. Nem esperei a segunda-feira para começar”, relembra.
Emídio pesava 133 quilos, tinha obesidade nível 3 e não praticava nenhuma atividade física. “Eu e meu irmão comíamos muito. Eram seis litros de refrigerante por dia e muitos sanduíches de tudo”, relembra ele que, agora, bebe suco, come frutas e verduras e só recentemente passou a comer carne vermelha. A atividade física veio como potencializador. Hoje, ele corre cerca de três vezes por semana e malha outras três vezes.
A rotina de trabalho também ajudou, evitando alimentações fora do horário. “Tento comer de três em três horas, tirei a janta e, quando volto das festas, deixei de comer besteira. Tomo suco e vou dormir. Mas, faço algumas “gordices” de vez em quando, como provar chocolate e sanduíche”.
Mas, o que o diretor de arte não resiste mesmo é tomar sua cervejinha. “Sei que deveria beber menos porque engorda, mas é meu pecado. Quando viajei para os Estados Unidos, emagreci muito só porque não ficava saindo direto para beber. Brinco que deixo de comer para biritar”, diz aos risos.
Emídio confessa que um ex-gordo é sempre atento ao que come, mas que o importante mesmo é aprender quando se come por fome e quando é apenas gula. “Isso é uma coisa que todo mundo fala, mas que é a pura verdade. O mais difícil não é emagrecer, mas manter o peso ideal. É muito difícil porque é um exercício de controle todo dia”, ressalta.
Bem-humorado, ele conta que -de vez em quando- lembra que já foi gordo. “Eu vejo fotos antigas e lembro. É muito engraçado. Tenho amigo que ainda me chama de Péricles (em referência ao cantor do Exaltasamba). Quem não me conhecia não entende. Mas já levei nome até de Tim Maia”, diverte-se.
Karine Zaranza
Repórter

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