segunda-feira, 4 de abril de 2011

Sistema vai monitorar nuvens


Balão subirá até a atmosfera quatro vezes ao dia,verificando temperatura, umidade, pressão, velocidade e direção do vento (RAFAEL CAVALCANTE

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 Balão subirá até a atmosfera quatro vezes ao dia,verificando temperatura, umidade, pressão, velocidade e direção do vento (RAFAEL CAVALCANTE )

As chuvas registradas no Ceará vão ser estudadas com mais precisão. Um conjunto de aparelhos vai permitir a investigação e o monitoramento das nuvens quentes, responsáveis por precipitações fortes e contínuas.  
O novo sistema está sendo instalado durante este mês pelo projeto Chuva. A iniciativa é uma parceria entre a Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Segundo o coordenador do projeto Chuva, Luiz Augusto Toledo Machado, pesquisador do Inpe, as nuvens quentes, comuns no Nordeste, não são perceptíveis pelos atuais satélites que estão em órbita. Como essas nuvens ficam abaixo das formações mais frias e mais próximas à superfície, o satélite não consegue fazer a diferença.
“O sistema vai verificar os mecanismos de formação e as propriedades físicas desse tipo de nuvem”, acrescentou o pesquisador do Departamento de Meteorologia da Funceme, Antônio Geraldo Ferreira.
Entre os equipamentos usados para verificar as nuvens quentes, o coordenador do projeto Chuva destaca as radiossondas e os radares. No primeiro, um balão sobe até a atmosfera quatro vezes ao dia (às 3h, 9h, 15h e 21h) e vai verificando temperatura, umidade, pressão, velocidade e direção do vento.
De acordo com Augusto Machado, o balão já era solto na Capital, mas apenas uma vez ao dia. Os radares servem para identificar a localização e a intensidade das chuvas. Um está sendo implantado em Quixeramobim para atuar em todo o Estado e o outro ficará entre Fortaleza e Eusébio para fornecer informações sobre a Capital e Região Metropolitana.
Alerta para chuvas
Todo mecanismo servirá como alerta para a Defesa Civil de Fortaleza na prevenção de enchentes. Conforme explicou o coordenador do projeto Chuva, um software vai integrar todas as informações e repassar para a Defesa Civil, por meio do Sistema de Observações de Tempo Severo. “Os aparelhos monitoram e permitem que façamos cálculos. Esses cálculos vão servir de base para a Defesa Civil preparar estratégias”, detalhou. 
Pelo sistema, a equipe poderá identificar onde vai chover mais, além de verificar que áreas podem sofrer com inundações.

Por quê
ENTENDA A NOTÍCIA
As nuvens quentes foram responsáveis pelas fortes chuvas em Santa Catarina, Rio de Janeiro, Alagoas e Pernambuco. Como não são identificadas pelos atuais satélites, o projeto visa estudar e monitorar essas formações.

SAIBA MAIS

O projeto Chuva será realizado em outras cidades. Ao todo, serão sete experimentos. O primeiro está sendo feito em Fortaleza durante todo este mês.
A iniciativa faz parte do programa mundial Medidas Globais de Precipitação (GPM), liderado pelas agências espaciais dos Estados Unidos (Nasa) e do Japão (Jaxa). Serão realizadas medições diárias em Fortaleza, Caucaia e Eusébio.
Até ontem foi realizado o curso “Sensoriamento Remoto e Modelagem dos Processos de Formação da Precipitação – O projeto Chuva” para estudantes de graduação e pós-graduação. Com uma semana de duração, o curso ofereceu aos alunos conhecimento sobre formação de chuvas e nuvens quentes.
Gabriela Meneses
gabrielameneses@opovo.com.br

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