terça-feira, 26 de abril de 2011

Requião toma gravador de repórter no Senado


Sem argumento para justificar o fato de receber aposentadoria como ex-governador, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) optou em tentar impedir a divulgação do fato. Ele arrancou o gravador das mãos do repórter da Rádio Bandeirante que o entrevistava sobre a crise financeira de seu Estado e a mordomia questionada na Justiça.
No decorrer da entrevista, realizada no plenário do Senado, em vez de responder, o senador puxou o gravador sem dar tempo ao repórter de reagir. Fora do plenário, ele tentou apagar a gravação. Como não conseguiu, já no seu gabinete, decidiu se apossar do cartão de memória devolvendo o aparelho incompleto. No Twitter, mostrou mais destempero ao escrever: "Acabo de ficar com o gravador de um provocador engraçadinho. Numa boa, vou deletá-lo".
Ao fato inusitado, junta-se a dificuldade em dar queixa no Senado. A polícia legislativa alegou não ter competência para tratar do caso que deveria ser encaminhado à Corregedoria da Casa. Só que o cargo de corregedor está vago e, a julgar por procedimento dessa natureza, dificilmente o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), encontrará outro candidato para o cargo que não o seu amigo de muitos anos, senador João Alberto (PMDB-MA), cuja indicação foi tão bombardeada que Sarney recuou.
O secretário de Comunicação do Senado, jornalista Fernando César Mesquita, ligou para Requião pedindo que ele devolvesse o cartão de memória do gravador. Requião se recusou a atendê-lo. Sem alternativa, restou ao comitê de imprensa do Senado entrar com representação contra o senador na Mesa Diretora. "Só na ditadura é que eu presenciei fato tão ridículo como este", lamentou o presidente do comitê, jornalista Fábio Marçal.

Devolução
Na noite de hoje ligaram do gabinete de Requião avisando que iriam devolver o chip. Mas quem apareceu na porta foi seu filho, Maurício, dizendo que o pai tinha deixado a Casa e que não iria atender aos repórteres.
Esta não é a primeira vez que o senador tem problemas com perguntas de jornalistas. Durante sua administração como governador do Paraná, ele fez campanha publicitária contra veículos de imprensa, xingou jornalistas e chegou a agredir um repórter em uma viagem a Centenário do Sul, no interior do Estado. Naquela ocasião, em 2004, Requião torceu o dedo de um jornalista que insistiu em uma pergunta e só parou diante do protesto de outros repórteres presentes.
As brigas do ex-governador não se restringem à imprensa. Durante a campanha eleitoral, em 2010, ele e o agora deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR) trocaram agressões em Campo Mourão, também no interior do Paraná. Requião provocou o ex-deputado dizendo que, quando era governador, muita gente vinha recebê-lo e que agora só tinha "gentinha" no aeroporto.
Bueno, que estava no aeroporto à espera de Beto Richa (PSDB-PR), partiu para cima de Requião, e os dois trocaram socos e empurrões sendo contidos por seguranças do local. Também no ano passado, o ex-governador do Paraná se envolveu em uma briga em Pontal do Paraná, no litoral, com o então diretor comercial do porto de Paranaguá, João Batista Lopes dos Santos. Na ocasião, Requião levou dois tapas do diretor depois de fazer xingamentos a Orlando Pessuti (PMDB), seu sucessor no governo.
Agência Estado

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