domingo, 27 de março de 2011

Vigia cria peixes para combater a dengue

José Vicente conta que os peixes evitam que o mosquito da dengue apareça (FOTO: DEIVYSON TEIXEIRA)
José Vicente conta que os peixes evitam que o mosquito da dengue apareça (FOTO: DEIVYSON TEIXEIRA)
Há cinco anos ele decidiu colocar peixes na rua. Tudo não passaria de grande desatino não fosse ali o hábitat ideal para a reprodução e o recreio dos pequenos seres. Na rua Félix, no bairro Luciano Cavalcante, o vigia José Vicente da Silva, 55 anos, leva peixes para a constante “piscina” formada no local a cada novo período de chuvas. Longe de resolver o tormento, eles previnem um problema maior: a presença de mosquitos da dengue.
Na rua asfaltada, nada denuncia que a água da chuva possa se acumular a ponto de se tornar lagoa. Mas basta visitar o local depois de dias de sol a pino para constatar que os peixes encontram ali boa morada. Dia mais exibidos, dias mais desconfiados, eles passeiam pela rua perturbados apenas pela “malinagem” das crianças ou pela passagem de um carro que “morre” em meio à grande poça.
Fisgados a cada ano por José Vicente, em tarrafas em um córrego próximo, os peixes têm no vigia o maior protetor. Ele se desdobra entre a guarda de um prédio residencial e a defesa dos comedores de larva. “Eu empato esses meninos que gostam de meio de rua de tirar os peixes”, conta. Outro rival são os grandes veículos que passam em alta velocidade. “Dia desses, pedi para um motorista de caminhão passar devagarzinho, porque estava jogando eles para fora”, completa.
De beleza não tão digna de figurar em aquários domésticos, os peixes de 2011 parecem fugir das fotos e apenas cumprem o papel de combate ao mosquito. “Aqui nunca deu foco”, garante Vicente. Em ano de muita água, porém, ele capricha na pescaria. “Teve ano que trouxe uns ‘beta’”, comenta.
Da convivência, Vicente aprendeu sobre esconderijos e (des)caminhos dos bichos. “É naquele lamaçal acolá onde eles ficam. Neste ano, colocaram umas britas e eles ficaram mais acanhados”, detalha. E quando a chuva escassa, não tem saudade que dê jeito: os peixes morrem ou seguem o rumo da lama que deságua na lagoa perto.
O acúmulo de água na rua Félix expõe a falta de drenagem da área. Além disso, a ausência de saneamento básico nas casas alimenta o fluxo de água empoçada em ruas próximas.
De acordo com moradores ouvidos pelo O POVO, muitas foram as tentativas de resolver o problema na Secretaria Executiva Regional (SER) II, mas nenhuma solução foi dada. Segundo a moradora Rita Carneiro, 31, em outubro do ano passado uma equipe da Regional fez a medição da rua, mas as ações não avançaram.
Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria Executiva Regional (SER) II informa que se dispõe a ir ao local para uma visita técnica e, uma vez que o projeto de drenagem esteja elaborado, a SER II deve captar recursos para executá-lo.
Onde
ENTENDA A NOTÍCIA
Na rua Félix, no bairro Luciano Cavalcante, faltam drenagem e saneamento básico. A soma do acúmulo de águas de chuva e despejos domésticos forma uma ‘piscina’ que dificulta a passagem de veículos. A área faz parte da Regional II.

ALAGAMENTO E SANEAMENTO
A Secretaria Executiva Regional (SER) II informa também que o Programa de Drenagem Urbana de Fortaleza (Drenurb) vai realizar obras entre as avenidas Washington Soares e Rogaciano Leite, em área próxima ao cruzamento das ruas Fênix e Pinderemirim.
Isso deve, segundo a Regional, melhorar a situação de alagamento da área.
Sobre a falta de saneamento básico, a Companhia de Água e Esgoto do Estado do Ceará (Cagece) informa que existe um projeto de implantação de esgotamento sanitário nos bairros pertencentes à bacia CD2, da qual o bairro Luciano Cavalcante faz parte.
De acordo com a Cagece, esse projeto de esgotamento sanitário está previsto para ser concluído até o fim do ano de 2011.
Thiago Mendes
thiagomendes@opovo.com.br

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