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| Kaio aguarda exames do alemão que possui 90% de compatibilidade para o transplante (Foto: MAURI MELO) |
Sorrisos e lágrimas de felicidade marcaram o embarque do último dia 23. Era a esperança enchendo o peito de quem sentia temor. Na cabeça de Kaio, 4, ir à Curitiba (PR) significava a cura da anemia aplástica diagnosticada um ano e dois meses atrás. Mas o transplante não acontecerá de imediato.
Prognósticos datam o procedimento para daqui a 30 dias. O anúncio fez a família Cardoso recuar. Na última quarta-feira, 2, Kamila e Klecius voltaram a Fortaleza. Consigo, trouxeram um pequeno submetido a 19 exames de sangue e outros tantos de coração. “Lá, a gente foi informado de que o processo de chegada da medula demora”, diz a mãe.
Localizado na Alemanha, o doador ainda não se submeteu à coleta do material. Após os testes que indicaram 90% de compatibilidade entre os materiais genéticos dele e de Kaio, o homem passa por exames clínicos que vão indicar se ele tem câncer ou algum tipo de doença no sangue.
Com isto, os sete dias no Paraná serviram para reduzir a burocracia do transplante. O primeiro passo foi decidir onde o garoto faria a cirurgia. Após conhecerem instalações, os pais preferiram o Hospital Nossa Senhora das Graças ao Hospital das Clínicas. O primeiro é particular, enquanto o outro é público.
Em seguida, a decisão em torno da modalidade: por plano de saúde ou pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Optaram pela cobertura da Unimed. Desde junho do ano passado, a chamada Saúde Complementar cobre transplantes de medula. É lei.
“Pelo SUS, além de esperar a medula, a gente teria que aguardar um leito aparecer. E todo mundo sabe que as acomodações em hospitais públicos são muito complicadas”, argumenta Kamila.
Sentimentos
Apesar de o processo ter avançado e o leito de Kaio estar reservado para quando a medula chegar, a família não esconde a frustração de ter que esperar até um mês para o transplante. Kamila e Klecius programaram-se para uma volta com o filho livre da anemia.
Mudaram rotinas inteiras. “O médico me pediu desculpas por ter gerado tanta expectativa. Mas parece que eu levei uma paulada. Senti um pouco de decepção, porque podiam ter dito que, agora, era somente a parte burocrática”, desabafa.
Dos médicos, o casal recebeu o conselho de aguardar e voltar ao primeiro chamado. Dos parentes, a sugestão de continuar onde estava. “Lá, passávamos o dia todo trancados. Aqui, ele (Kaio) está no ambiente dele e ao lado de quem ama. Tem que ter muita fé em Deus”, resume Kamila.
Por ora, ela tenta explicar ao pequeno desenhista de baleias que a tão esperada ida à Curitiba não significou a cura. Ainda.
E agora
ENTENDA A NOTÍCIA
Cumpridos os trâmites burocráticos, é esperar o resultado dos exames do alemão. Depois será agendado o transplante. Após isso, Kaio deve ficar em Curitiba por até 100 dias. Em observação devido ao risco de rejeição.
SAIBA MAIS
De acordo com Luís Fernando Bolzas, diretor do Centro de Transplante de Medula do Inca e coordenador do Redome, um doador para Kaio chegou a ser localizado no Brasil em novembro de 2010. Contudo, a compatibilidade foi baixa e preferiu-se fazer buscas fora do País.
Segundo o Ministério da Saúde, os transplantes de medula óssea no Brasil cresceram 57,51% nos últimos sete anos.
Kamila transformou o site de Kaio no que ela mesma chama de “Diário da mãe que ora”. Quem quiser acompanhar o dia a dia do garoto, basta acessar: http://sejaomeuheroi.blogspot.com.
Após o transplante, Kaio ficará até 100 dias em total observação em Curitiba. Como as medulas de e do possível doador não são 100% compatíveis, há risco de rejeição.
A Alemanha é o segundo país com o maior número cadastros no Registro de Doadores de Medula Óssea. Por lá, são três milhões de voluntários. O Brasil tem 1,9 milhão. Os Estados Unidos contam com a maior estatística: cinco milhões.
Bruno de Castro
brunobrito@opovo.com.br
brunobrito@opovo.com.br

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