Ronaldo teve carreira meteórica, ganhou títulos, muito dinheiro, e outras tantas polêmicas (DANIEL AUGUSTO JR/FOTO ARENA/AE) |
Os mitos também choram. As lendas também sofrem. Heróis também sentem dor. E os craques, um dia, param de jogar. Chegou a vez de Ronaldo. O anúncio oficial da aposentadoria foi feito na segunda, em São Paulo, ao lado dos filhos Ronald e Alex, e sob os olhares de todos.
“As dores me possuíram, me consumiram. É muito duro você abandonar algo que te faz feliz e que você faz com tanto amor”, disse Ronaldo, em um discurso de 45 minutos e interrompido algumas vezes pelo choro incontido. Ronaldo parou aos 34 anos. O peso, nunca revelado, já não permitia as arrancadas dos tempos de Barcelona; os dribles da época de Inter de Milão e as tabelas de quando passou pelo Real Madrid. O maior artilheiro da história das Copas (15 gols) já era um jogador comum - e sabia disso.
As lágrimas que teimaram em cair na despedida molhavam o rosto que simboliza o futebol-negócio. O menino de Bento Ribeiro ganhou o mundo rápido, virou produto, rendeu e ganhou milhões com os dentes separados e os gols fantásticos (471 na carreira). Ronaldo ficou amigo de Bono Vox, conheceu papas, visitou campos de guerra... Foi além do gramado. Entrou em polêmicas, se deixou seduzir pela gandaia e passou até o vexame de ser pego em motel com travestis. Ele sofria com o hipotireoidismo que o impedia de emagrecer. Reclamava de dores. E lamentava cobranças pelo rendimento pífio. Cansou após 18 anos. Sua definição desse tempo é: “Essa carreira foi linda”. Foi mesmo.
LINHA DO TEMPO - ALTOS E BAIXOS DE UMA TRAJETÓRIA FENOMENAL
1993 - O menino Ronaldo, aos 16 anos, é comprado pelo Cruzeiro por US$ 50 mil junto ao São Cristóvão, do Rio de Janeiro
1994 - A primeira temporada de Ronaldo como profissional foi fantástica. Teve uma média de quase um gol por jogo no Cruzeiro. O desempenho acabou fazendo o técnico Carlos Alberto Parreira levá-lo para a seleção que disputaria a Copa do Mundo nos Estados Unidos. Mesmo sem jogar, o menino era campeão do mundo e ganhava experiência.
1995 - O PSV havia comprado Ronaldo no final de 1994 e colhia os frutos do investimento. Ele começava a ganhar corpo.
1996 - Ronaldo deixou o PSV da Holanda depois de 42 gols em 46 jogos. As atuações encantaram o Barcelona. E na Espanha o atacante viveu o auge da carreira com arrancadas espetaculares e muitos golaços. Por lá, marcou 47 vezes em 51 partidas. Nesse mesmo ano foi eleito pela primeira vez o melhor jogador do mundo pela Fifa.
1997 - A Inter de Milão tira Ronaldo do Barça. Mesmo sem sequência, ele foi novamente eleito o melhor do mundo pela Fifa.
1998 - O drama na final da Copa marcou a temporada, que já havia sido sofrida por causa da primeira lesão mais grave no joelho.
2000
A cena da lesão no joelho, na partida contra a Lazio, impressionou o mundo. Ronaldo passou um ano e três meses longe dos gramados por causa de uma ruptura nos ligamentos. Um ano antes, em 1999, ele havia sofrido com o mesmo problema. A recuperação era duvidosa e muitos apostavam no fim da carreira.
2002
O retorno glorioso veio na Copa, com o título mundial e a artilharia da competição
2009
No Timão, Ronaldo tentava apagar alguns anos turbulentos, que envolveram nova lesão no joelho, polêmicas com travestis, noitadas e uma passagem discreta pelo Milan após a saída do Real Madrid. O acordo com o Corinthians foi milionário e rendeu frutos imediatos com as conquistas do Paulistão e da Copa do Brasil.
2011
A aposentadoria veio depois de uma temporada discreta e a eliminação na Libertadores.
NÚMEROS
471
GOLS
Marcou Ronaldo ao longo de 18 anos de carreira em sete clubes e mais a seleção brasileira
8
CIRURGIAS
Ronaldo fez ao longo de toda a carreira. Quatro delas foram nos joelhos
Bruno Formiga
brunoformiga@opovo.com.br
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