Crise financeira: unidade já desativou 30% de seus leitos - 72 de um total de 242 , dos quais 16 da cardiologia, além de ter reduzido drasticamente os exames laboratoriais FOTO: THIAGO GASPAR |
A crise do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) é antiga. No entanto, dessa vez, a situação chegou à beira do colapso, colocando em risco o atendimento a pacientes, pesquisa e formação médica. Com uma dívida de R$ 16 milhões e déficit mensal de R$ 1,2 milhão, o Hospital das Clínicas foi obrigado a desativar 30% de seus leitos - 72 de um total de 242 - e reduzir drasticamente os exames laboratoriais.
Para se ter a ideia do tamanho rombo, enquanto os custos mensais somam R$ 4 milhões, a receita só chega a R$ 3 milhões.
Para se ter a ideia do tamanho rombo, enquanto os custos mensais somam R$ 4 milhões, a receita só chega a R$ 3 milhões.
Somente os pacientes que estão internados e das áreas de transplantes e hematologia estão conseguindo realizar exames laboratoriais. Isso deixou 400 pacientes portadores do vírus HIV (Aids), assistidos pela instituição, sem poder passar por avaliação laboratorial necessária nesses casos, complicando o acompanhamento e distribuição de medicamentos.
As áreas mais atingidas com o fechamento dos leitos são a clínica médica, cardiologia e pediatria. De acordo com o cirurgião cardíaco e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Glauco Lobo, dos 16 leitos da cardiologia, oito foram inativados. O que prejudicou também as cirurgias.
O hospital tem capacidade para fazer seis cirurgias do coração por semana e só tem conseguido realizar, no máximo, duas. "O que é lamentável", afirma o médico.
A situação é grave e mobiliza médicos, residentes e servidores do HUWC. Na tentativa de salvar o hospital, eles se uniram e formaram o "Movimento Amigos do HU". A iniciativa, informa o diretor-geral Eugênio Lincoln Campos, vai fazer de tudo para resolver a crise de forma definitiva e não pontual como tem sido nos últimos anos. Para isso, afirma o grupo de profissionais, é preciso que União, Estado e Município reconheçam a importância do Walter Cantídio para o Ceará.
Desvalorização
Segundo eles, a indiferença e desvalorização por parte do poder público nas três instâncias empurraram o Hospital Universitário para a beira do colapso e contribuiram para o agravamento da crise em que a instituição está mergulhada desde o início do ano.
"Não estamos pedindo esmolas, mas reconhecimento de que a instituição é de vital importância não só para a população, mas como formadora de multiprofissionais, frisam. Além de pesquisas. Só no ano passado, foram publicados 529 trabalhos científicos.
Uma das propostas defendidas pelo movimento é a inclusão do Hospital Universitário Walter Cantídio na rede estadual de saúde. "O Estado se beneficia com o trabalho feito aqui e por que razão não assumir a responsabilidade de também bancar as despesas em pelo menos grande parte?" indaga a diretora clínica da unidade de saúde, Airtes Vitoriano.
O profissionais questionam o motivo de se construir mais hospitais se o Ceará já conta com uma instituição como o Walter Cantídio. "Aqui oferecemos alta complexidade, somos referência em transplantes e dispomos de profissionais de ponta".
Eles também querem que a Secretaria de Saúde do Município (SMS), gestora do Sistema Único de Saúde (SUS) em Fortaleza, atualize o contrato firmado desde 2005. "É ali onde estão definidas cotas financeiras e valores repassados, que estão defasados". Como exemplo, eles citam os repasses para exames só cobrem 50% dos custos.
Tudo é potencializado no HU, dizem os profissionais. Os pacientes são mais carentes e, de modo geral, em situação física mais debilitada. Isso, segundo eles, aumentam os custos com o tratamento, medicamentos e tempo de internação.
Atendimento
1,4 milhão de reais é a dívida atual do Hospital Universitário Walter Cantídio, conhecido como Hospital das Clínicas , importante centro de formação médica no Estado do Ceará
1,2 milhão é o déficit mensal da instituição inaugurada em 1959, pelo presidente Juscelino Kubitschek e que atende pacientes da Capital, Interior e de outros estados da região Nordeste
LÊDA GONÇALVESREPÓRTER-DN
As áreas mais atingidas com o fechamento dos leitos são a clínica médica, cardiologia e pediatria. De acordo com o cirurgião cardíaco e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Glauco Lobo, dos 16 leitos da cardiologia, oito foram inativados. O que prejudicou também as cirurgias.
O hospital tem capacidade para fazer seis cirurgias do coração por semana e só tem conseguido realizar, no máximo, duas. "O que é lamentável", afirma o médico.
A situação é grave e mobiliza médicos, residentes e servidores do HUWC. Na tentativa de salvar o hospital, eles se uniram e formaram o "Movimento Amigos do HU". A iniciativa, informa o diretor-geral Eugênio Lincoln Campos, vai fazer de tudo para resolver a crise de forma definitiva e não pontual como tem sido nos últimos anos. Para isso, afirma o grupo de profissionais, é preciso que União, Estado e Município reconheçam a importância do Walter Cantídio para o Ceará.
Desvalorização
Segundo eles, a indiferença e desvalorização por parte do poder público nas três instâncias empurraram o Hospital Universitário para a beira do colapso e contribuiram para o agravamento da crise em que a instituição está mergulhada desde o início do ano.
"Não estamos pedindo esmolas, mas reconhecimento de que a instituição é de vital importância não só para a população, mas como formadora de multiprofissionais, frisam. Além de pesquisas. Só no ano passado, foram publicados 529 trabalhos científicos.
Uma das propostas defendidas pelo movimento é a inclusão do Hospital Universitário Walter Cantídio na rede estadual de saúde. "O Estado se beneficia com o trabalho feito aqui e por que razão não assumir a responsabilidade de também bancar as despesas em pelo menos grande parte?" indaga a diretora clínica da unidade de saúde, Airtes Vitoriano.
O profissionais questionam o motivo de se construir mais hospitais se o Ceará já conta com uma instituição como o Walter Cantídio. "Aqui oferecemos alta complexidade, somos referência em transplantes e dispomos de profissionais de ponta".
Eles também querem que a Secretaria de Saúde do Município (SMS), gestora do Sistema Único de Saúde (SUS) em Fortaleza, atualize o contrato firmado desde 2005. "É ali onde estão definidas cotas financeiras e valores repassados, que estão defasados". Como exemplo, eles citam os repasses para exames só cobrem 50% dos custos.
Tudo é potencializado no HU, dizem os profissionais. Os pacientes são mais carentes e, de modo geral, em situação física mais debilitada. Isso, segundo eles, aumentam os custos com o tratamento, medicamentos e tempo de internação.
Atendimento
1,4 milhão de reais é a dívida atual do Hospital Universitário Walter Cantídio, conhecido como Hospital das Clínicas , importante centro de formação médica no Estado do Ceará
1,2 milhão é o déficit mensal da instituição inaugurada em 1959, pelo presidente Juscelino Kubitschek e que atende pacientes da Capital, Interior e de outros estados da região Nordeste
LÊDA GONÇALVESREPÓRTER-DN
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