quarta-feira, 27 de março de 2013

PSC mantém Feliciano na Comissão

Partidários do pastor tentaram persuadí-lo a sair da Comissão, mas o deputado não aceitou. O partido decidiu apoiá-lo

Deputados membros da Comissão, contrários a permanência do pastor, procuraram Henrique Alves para pressioná-lo FOTO: AGÊNCIA CÂMARA
Brasília O PSC decidiu ontem manter o pastor Marcos Feliciano (SP) na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. O partido resistiu à pressão endossada pelo presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e destacou um histórico das relações com o PT cobrando auxílio do partido da presidente Dilma Rousseff para superar a crise.

A bancada evangélica também se engajou na defesa de Feliciano. Ele tem sido alvo de protestos por declarações tidas como racistas e homofóbicas e não conseguiu ainda levar com normalidade nenhuma sessão do colegiado. A pressão sobre o pastor cresceu desde a semana passada e chegou a uma situação tida como "insustentável" por Alves.

O líder da bancada, André Moura (SE), pediu ao pastor que reavaliasse sua situação, mas a insistência de Feliciano em continuar foi aumentando o apoio dentro do partido. O pastor Everaldo Pereira, vice-presidente e principal cacique do PSC, leu uma nota em nome do partido defendendo o filiado. "Feliciano é um deputado ficha limpa, tendo então todas as prerrogativas de estar na Comissão", disse. "Democracia é voto. Democracia não é grito", complementou.

O PSC destacou ter apoiado o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 1989 e ter feito parceria com o partido por vários anos, inclusive apoiando a presidente Dilma, que teria ideais diferentes da legenda.

A decisão do partido foi levada a Alves por Moura minutos depois no plenário da Casa. O presidente da Câmara tinha prometido uma solução para o problema, mas diante do fato disse que respeitaria a posição do PSC. Como foi eleito, Feliciano só sai da comissão se renunciar.

Reunião

Alves convocou os líderes para debater o tema após a decisão do PSC e recebeu um alerta da bancada evangélica que o uso de alguma medida de força poderia criar um problema ainda maior. O coordenador da bancada, João Campos (PSDB-GO), disse que os evangélicos farão uma defesa "veemente" de Feliciano e podem obstruir os trabalhos da Câmara caso o pastor não tenha o seu direito respeitado.

Depois do "dia do fico", Feliciano falou sobre seus planos à frente da Comissão. Ele vai se encontrar com o embaixador da Indonésia para discutir a situação de brasileiros condenados a morte naquele país e pretende comandar a reunião de hoje para debater os efeitos da contaminação de pessoas por chumbo no interior da Bahia.

Depois de duas semanas em que foi impedido de levar os trabalhos adiante devido aos protestos, ele disse que tomará "cautela" na preparação da reunião, sem esclarecer se isso significa impedir a entrada de manifestantes. Para ele houve "aparelhamento" nos protestos.
Líderes tentarão forçar renúncia

Brasília O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e líderes partidários anunciaram ontem que farão uma reunião na próxima semana para tentar convencer o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) a renunciar à presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minoria (CDHM).

As lideranças partidárias se reuniram ontem à noite no gabinete de Alves em busca de uma solução para o impasse gerado com a decisão do PSC de manter Feliciano no comando do colegiado. Os parlamentares agendaram para a próxima terça (2), às 11h, encontro para alertar o deputado de que ele não possui apoio para continuar na CDHM.

"Lamentavelmente, hoje (ontem), a decisão (do PSC)veio em contrário àqueles entendimentos anteriormente encaminhados", disse Alves.

Segundo o presidente da Câmara, os parlamentares mostrarão a Feliciano que, com a presença dele à frente da Comissão, os trabalhos do colegiado ficarão prejudicados.

O líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), afirmou que a sigla apóia o PSC no comando da comissão, mas não Feliciano. Ele afirmou esperar que o deputado do PSC repense a decisão de se manter à frente da Comissão .

O líder do PSC, André Moura (SE), deixou a reunião no gabinete de Henrique Alves antes do término. Ele afirmou que o PSC ouviria a posição final dos líderes partidários, mas destacou que a decisão final sobre a permanência de Feliciano é do partido.

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