Juliana Diógenes - OPOVO ONLINE
Dona Zita mora na casa desde 2005. A Toca de Assis feminina acolhe hoje oito mulheres (FOTO MAURI MELO) |
Procura-se a família de santa Zita da Hungria. As duas malas prontas e o guarda-chuva a postos descansam no canto da cama de Zita Walquíria Lindemberg desde 2005, ano em que chegou à casa feminina da Toca de Assis, em Fortaleza. A espera pela chegada de um rosto conhecido para vir buscá-la já dura cinco anos.
Acomodada sob os cuidados das irmãs franciscanas, os olhos azuis de Zita registram 83 anos, diabetes e cinco acidentes vasculares cerebrais (AVCs). Natural de Limoeiro, em Pernambuco, ela defende que nasceu na Hungria.
E sonha com o dia em que poderá voltar à terra natal. “Chegou aqui e não quis desfazer as malas, dizendo que ia embora em breve”, conta a irmã Liliah. Zita diz ser uma santa, mas não é qualquer santa: ela é a santa Zita da Hungria.
E sonha com o dia em que poderá voltar à terra natal. “Chegou aqui e não quis desfazer as malas, dizendo que ia embora em breve”, conta a irmã Liliah. Zita diz ser uma santa, mas não é qualquer santa: ela é a santa Zita da Hungria.
Apesar de ter sofrido um AVC no final de novembro, ele compreende tudo o que as irmãs lhe dizem. A dificuldade maior é com a fala - apenas sons irreconhecíveis brotam da garganta. E o movimento do braço direito foi prejudicado como sequela. As irmãs contam que antes de chegar à Toca, Zita morava em um barraco, sozinha. “Passou fome, contraiu doenças, chegou com as pernas cabeludas e as unhas faziam curva de tão grandes. Parecia um animal mesmo”, disse a irmã Ancilla.
Na casa feminina, além da Zita, existem sete acolhidas e vinte religiosas, que dividem o teto de uma casa cedida na avenida João Pessoa. Segundo irmã Bethania, a Toca está carente de benfeitores comprometidos com doações, e de alimentos para além do básico feijão com arroz. Hoje faltam legumes, verduras e carnes na alimentação.
Toca masculina
Na Toca de Assis masculina, Maradona, um dos mais novos dentre os abrigados, era dependente químico. Hoje guarda uma lembrança marcante: uma bala de tiro alojada na cabeça. Na Toca, adquiriu o hábito de alisar carros, paredes, árvores e o que mais houver pela frente com as mãos por horas a fio. Ao contrário da maioria dos abrigados, idosos quietos de olhar terno, explode com gestos repentinos de euforia, especialmente quando chega a hora de fazer o costumeiro passeio de carona na kombi da Toca.
Ex-moradores de rua encontram cuidado e carinho na Toca de Assis |
Hoje com 37 ex-moradores de rua, a Toca masculina está com a capacidade limite de abrigo. Na rua Francisco Vasconcelos Júnior, dez religiosos vivem “em função de cuidar dos pobres”, como explicou o irmão Lorenzo: dão banho, fazem a barba, jogam e conversam com os abrigados.
As sedes masculina e feminina da Toca de Assis, instituto religioso de carisma franciscano, cuidam de ex-moradores de rua e passam hoje por carência de doadores fixos
“Os que têm condições de saúde e de inserção social, localizamos família e fazemos um trabalho de ressocialização”, conta. A maioria apresenta quadro de saúde semelhante: vício em drogas e álcool. “Eles têm carência de amor e de alguém que acredite neles. É um trabalho desafiador”, disse Lorenzo.
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ENTENDA A NOTÍCIA
As sedes masculina e feminina da Toca de Assis, instituto religioso de carisma franciscano, cuidam de ex-moradores de rua e passam hoje por carência de doadores fixos
tenho um chamado de Deus que é para eu ir para a toca de assis ,tenho sede para que este dia chegar logo . Estou anciosa quero servir ao senhor.
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