Beto fala, em seu apartamento em Fortaleza, sobre a recuperação do câncer e sua influência na música brasileira Foto: Rodrigo Gadelha |
Por João Lima Neto- Diário do Nordeste
Há 35 anos, o cantor e compositor Beto Barbosa escolheu a capital cearense como lar. Em um apartamento de luxo, localizado na Praia de Iracema, ele vive sozinho. Recém-curado de um câncer, o artista conta que o ano de 2018 foi de superações. Para o novo ano, Beto revelou ao Verso, uma turnê pela primeira vez nos Estados Unidos, além de nova composição para uma novela da TV Globo.
Em agosto deste ano, Beto Barbosa sofreu com a descoberta de um câncer agressivo na bexiga. "Já se passaram cinco meses e a doença regrediu 99%. Uma nova chance. Em janeiro eu opero de novo. Esse 1% que ficou no meu corpo são de células resistentes. Eu acho que se eu não procurasse ir em São Paulo, em outro médico, eu não teria mais jeito. Estaria em metástase total. A doença ainda se espalhou na bexiga, próstata e uretra. Eu nunca tive medo de morrer, sempre tive medo de sofrer dor", revelou o cantor.
Na avaliação de Beto, a doença se proliferou devido a um erro de diagnóstico - o que atrasou o tratamento. "Infelizmente, aconteceu. Posso dizer que foi erro médico. O profissional que cuidava de mim falava que era uma infecção urinária e, por causa dessa infecção, eu fiquei um ano com câncer crescendo. Tomei a decisão de escutar uma outra opinião um tempo depois. Fui em São Paulo, no Hospital Albert Einstein. No mesmo dia, eu descobri que estava com um câncer superagressivo. Qual era minha realidade de viver ou morrer? O médico disse que era 50% de chances para cada opção. Já se passaram cinco meses. Uma nova chance", relembra Beto.
Na capital cearense, o cantor tem a rotina de ir caminhar no calçadão da Avenida Beira-Mar, além de sair com amigos. O filho, que também tem casa em Fortaleza, vive no exterior. "Meu filho hoje vive em Paris. É bacharel em direito. Casou. A esposa dele está fazendo mestrado por lá. Estão se aperfeiçoando bem na carreira deles. Nos falamos todo dia. Hoje em dia estamos perto e não sentimos essa saudade absurda esperando uma carta chegar".
Sobre o atual cenário da música, dominado pelo forró e sertanejo, Beto Barbosa conta que não acompanha muito e diz sentir falta de composições que se eternizem. "Tem muita coisa que não é legal. Um dia desses me perguntaram se ainda canto 'Adocica' e 'Preta'. Respondi dizendo que enquanto o Roberto Carlos cantar 'Emoções', Chitãozinho e Xororó cantar 'Fio de Cabelo' e Caetano Veloso 'Sampa',eu vou continuar cantando minhas músicas. Esse megashow que esse pessoal faz, já fiz em estádios na África e Itália".
Vida financeira
Com shows pontuais pelo Brasil, Beto Barbosa vive financeiramente com recursos de uma loja de carros blindados, localizada em São Paulo, e direitos autorais de composições dele. "Tenho canções internacionais na Warner Music e recebo a verba brasileira, que é uma vergonha, e verba internacional. Agora, também pelos aplicativos de música. Não sou de luxo ou ostentação. Venho de uma família de comerciantes. Sou o único que não me formei. Tive três lojas em shopping centers".
Aos 63 anos, Beto Barbosa acredita ter feito muito pela música e dança nacional. "Sou feliz por muitos profissionais manterem nossas ideias, mais precisamente os dançarinos. Esse forró moderno foi influenciado pela nossa lambada. Se você pegar meus clipes de 30 anos atrás é a mesma dança que nós criamos. Eu, Carlinhos de Jesus e Jaime Arôxa, os grandes mestres da dança tudo passou por aqui", encerra.
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