sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Número de doadores de órgãos no CE cresce 25%

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por Vanessa Madeira - Repórter Diário do Nordeste
A redução da recusa familiar e a maior eficiência no processo de notificação de potenciais doadores fizeram com que o Ceará registrasse um aumento de 25,8% no número de doadores efetivos de órgãos no primeiro semestre deste ano em relação a igual período do ano passado. De acordo com o Registro Brasileiro de Transplantes referente aos meses de janeiro a junho, divulgado ontem (23) pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), nos seis meses iniciais de 2018, 117 pessoas doaram órgãos no Estado, 24 a mais que em 2017.

O aumento está relacionado, dentre outros fatores, à maior quantidade de notificações enviadas por hospitais locais à Central de Transplantes do Ceará. Entre 2017 e 2018, o número de potenciais doadores identificados no primeiro semestre passou de 262 para 286.
Ao mesmo tempo, a negativa familiar, um dos principais motivos para a não efetivação de doações, voltou a cair no Estado, ficando abaixo da média nacional, de 43%. De janeiro a junho deste ano, das 151 famílias entrevistadas no Ceará, 58 (38%) disseram não à doação de órgãos. Em igual período do ano passado, o percentual chegou a 41%.

Destaque

Com isso, o Estado atingiu a marca de 733 transplantes realizados no primeiro semestre de 2018, três a mais que no ano passado. Transplantes de fígado (171), rins (114), coração (16) e pulmão (2) tiveram alta quando comparados aos registros de 2017. O aumento foi suficiente para compensar a queda observada nos transplantes de medula óssea (43), córnea (437) e pâncreas (0).

"O Ceará continua se destacando. Tivemos 25 doadores por milhão de habitantes, o que só é inferior ao dos estados do Paraná e de Santa Catarina", afirma Huygens Garcia, chefe do serviço de transplantes de fígado do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) e do Hospital São Carlos.

Segundo Garcia, o bom desempenho do Estado é resultado do trabalho de buscativa realizado pela Central e pelas comissões intra-hospitalares de doação de órgãos e transplantes. "Isso também se deve à redução da negativa, porque a população está mais informada sobre a doação, o diagnóstico da morte cerebral. Com a segurança do diagnóstico nesse momento, a doação é um gesto de extrema solidariedade, a população se sente mais incentivada a doar", acrescenta o médico.

Desafios

No entanto, apesar dos índices positivos, Garcia atenta para uma queda brusca de doadores registrados nos meses de julho e agosto, o que deve se refletir no próximo balanço semestral. Segundo ele, ainda não é possível apontar razões específicas para a redução no período, mas um dos desafios atuais para o sistema estadual de transplantes é descentralizar o processo de notificação e captação de órgãos.

"Hoje, a doação é muito centrada na Capital. Precisamos melhorar o sistema no Interior. A região do Cariri, por exemplo, tem uma população superior a 1 milhão de habitantes, então deveria ter um número de doadores superior ao que está sendo concretizado. É necessário um trabalho maior nessa área, na região Norte e, agora, na região Central, com o Hospital Regional de Quixeramobim", destaca.

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