Diário do Nordeste
Apesar das precipitações ocorridas nos últimos dias, março de 2018 está entre os dez piores (na verdade, o nono) desde que a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) começou a fazer o acompanhamento das chuvas diariamente, em 1973, portanto, há 46 anos. Foram registrados apenas 120.7 milímetros, 40.7% abaixo da média histórica, que é de 203.4 mm. Os dados são parciais, já que, devido ao feriadão, o levantamento será atualizado nos próximos dias.
O pior registro data de 2010, quando o terceiro mês do ano, historicamente o de maior intensidade da quadra invernosa (de fevereiro a maio) computou apenas 73.7 mm (confira tabela ao lado). O Ceará enfrenta desde 2012 um período de chuvas abaixo da média histórica. A preocupação continua com a recarga dos reservatórios que permanecem em situação crítica.
De acordo com o Portal Hidrológico da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) o volume médio dos 155 reservatórios monitorados pelo órgão é de 8.7%. No início da atual quadra chuvosa, 1º de fevereiro, o índice era de 6.7%, portanto, houve uma recarga de 2%, desconsiderando as perdas.
As esperanças agora voltam-se para este mês que está começando e que tem média histórica de 188mm. Alguns agricultores lembram o ditado popular que diz 'abril chuva mil'. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iguatu, Evanilson Saraiva, recorda que a cheia de 1974, no Rio Jaguaribe, ocorreu com fortes chuvas em abril. "O rio transbordou e invadiu casas no início de maio", lembrou. "A gente nunca sabe o que vai acontecer e tem esperança de dias melhores".
No primeiro dia do atual mês, a Funceme registrou chuva em 38 municípios cearenses. As cinco maiores foram observadas em Quixeramobim (39.4mm), Independência (34.1mm), Iracema (23.6mm), Ibicuitinga (21.2mm) e Solonópole (19.8mm).
A Funceme prevê hoje maior possibilidade de ocorrência de chuva na Ibiapaba, faixa litorânea e no Maciço de Baturité. Para amanhã, existe possibilidade de chuva em todas as regiões. Em comparação com os últimos dias de março, a foto do satélite GOES-16 mostra uma diminuição das nuvens sobre o Estado, apesar da aproximação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) que é o principal sistema indutor de precipitações durante a quadra chuvosa no Ceará.
Veranico
Na segunda quinzena de fevereiro e os quatro primeiros dias de março houve ocorrência de intensas chuvas no Ceará. No primeiro mês da quadra invernosa foram observados 184mm em média, 54.1% acima do esperado. Para março, esperava-se mais chuvas, mas ocorreu o contrário, um prolongado veranico que em alguns municípios ultrapassou 20 dias, por causa da redução e afastamento da ZCIT. A Funceme mantém a previsão de maior tendência de chuva acima da média para o trimestre - março, abril e maio.
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