quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Febre amarela: Sesa diz que não há motivo para pânico

Para assegurar o atendimento e evitar filas como esta, na Escola de Saúde Pública Meireles, a Secretaria Estadual da Saúde recebeu, na última segunda (22), um lote extra de 10 mil doses encaminhadas pelo Ministério da Saúde ( FOTO: JOSÉ LEOMAR )
por Nícolas Paulino - Repórter-Diário do Nordeste
"Não há motivo para pânico", frisa a coordenadora estadual de Imunizações, Ana Vilma Braga. Conforme a especialista, o Ceará está fora da zona endêmica da febre amarela, doença infecciosa que tem assombrado a população do Sudeste brasileiro. Ainda assim, desde a última semana, postos de vacinação de Fortaleza têm registrado uma verdadeira corrida em busca de imunização. Para assegurar o atendimento, a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) recebeu, na última segunda (22), um lote extra de 10 mil doses encaminhadas pelo Ministério da Saúde.

Segundo Ana Vilma Braga, o programa de imunização da febre amarela no País já tem mais de 40 anos; por isso, todos os meses, o Ceará recebe um quantitativo de doses - em dezembro, foram cinco mil. Porém, com o aumento da demanda em janeiro, motivada por casos recentes em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, já se contabilizam 20 mil doses enviadas. Para fevereiro, já foram solicitadas mais 10 mil. Novos pedidos serão estudados conforme a demanda.

"Não está faltando vacina", garante Braga. Na Capital, segundo a coordenadora municipal de Imunização, Vanessa Soldatelli, as habituais duas mil doses mensais recebidas para proteger quem viaja a passeio ou férias saltaram para 11 mil, neste mês. Atualmente, o Município aguarda mais três mil doses da Sesa, quantitativo que deve suprir a necessidade dos postos por cerca de cinco ou seis dias.

No entanto, quem procura a imunização reclama da demora no atendimento. No posto de vacinação do Meireles, nessa terça-feira, houve quem chegasse às 5h40, ainda com céu escuro. O lote de vacinas, porém, só chegou por volta de 9h30. "É um descaso com a população", enfatiza a biomédica Jucilene Mesquita, que, em breve, vai passar por Minas Gerais, área de risco da doença. Ela buscava a vacina desde domingo.

Epidemia

Por outro lado, para a defensora pública Lara Teles, que também procurou a vacina na unidade, a espera é justificável. "É uma epidemia e, aqui no Ceará, uma situação atípica, fora da rotina normal dos postos de saúde", avalia. Ela já havia procurado o posto na segunda, no começo da tarde, mas as 350 doses tinham acabado. Ontem, precavida - e perdendo parte do expediente no trabalho -, entrou na fila às 7h da manhã.

No posto de vacinação Paulo Marcelo, no Centro, as vacinas também acabaram rapidamente De acordo com a coordenadora da unidade, Maria José Carvalho, as 250 senhas disponíveis para o expediente foram entregues ainda pela manhã, sendo 150 naquele turno e mais 100 para o período da tarde. Na última segunda, a unidade recebeu 400 doses.

Segundo a coordenadora de imunizações da Sesa, a vacina contra a febre amarela é diferenciada e carece de cuidados específicos, como a refrigeração, para manter a qualidade.

Já Vanessa Soldatelli ressalta que a vacina só precisa ser tomada 10 dias antes da data da viagem. "Teve gente que nos procurou e só vai viajar em maio ou junho. Os postos precisam estar preparados, mas essa situação demanda planejamento e organização. Não temos capacidade para atender a mil pessoas por dia num posto. Isso pode gerar erros sem necessidade", explica.

Ana Vilma Braga afirma que os dois gêneros de mosquitos transmissores da febre amarela silvestre, o Haemagogus e o Sabethes, não circulam no Ceará. Já a transmissão da forma urbana da doença, segundo o Ministério da Saúde, ocorre através de um velho conhecido do cearense: o mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue e da chikungunya. Contudo, essa forma de transmissão não é registrada no Brasil há 75 anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário