Cercado por nomes do PR e do PROS, Wagner disse que pretende dar uma "cara de renovação" à sigla, adotando como bandeira a segurança pública ( Foto: José Leomar ) |
Diário do Nordeste
Sob a promessa de construir um novo grupo político de oposição no Ceará, cuja principal bandeira será a segurança pública, o deputado estadual Capitão Wagner anunciou ontem, oficialmente, na Assembleia Legislativa, a sua ida para o Partido Republicano da Ordem Social (PROS). Como já havia sido antecipado pelo Diário do Nordeste, o parlamentar permanece no Partido da República (PR) até março, quando abre a janela partidária, e depois assumirá a presidência estadual da nova sigla.
Embora o partido ainda não tenha fechado questão sobre a disputa presidencial, Capitão Wagner defendeu que o apoio do PROS no Estado ao presidenciável Jair Bolsonaro (ainda no PSC) fortaleceria a legenda. No entanto, na avaliação de outros filiados entrevistados pelo Diário do Nordeste, a questão não é consenso e deverá ser desafio para ele no novo partido.
Ao lado de lideranças políticas do PROS, como o deputado federal Vaidon Oliveira, atual presidente do partido no Estado, e de correligionários do PR, entre eles a deputada estadual Fernanda Pessoa e o prefeito de Maracanaú, Firmo Camurça, Wagner justificou que escolheu o PROS como nova agremiação partidária pela "independência" política garantida a ele.
Sem espaço
Segundo o parlamentar, no PR, ele não tinha mais espaço para "ampliar" a sua atuação, uma vez que quer disputar o cargo de deputado federal nas eleições deste ano. O Partido da República já conta com a deputada federal Gorete Pereira, que deve tentar reeleição, e há ainda a possibilidade de o futuro presidente da sigla, Roberto Pessoa, concorrer a uma vaga de deputado.
Por outro lado, o movimento de Wagner é semelhante ao que fez o seu ex-correligionário e ex-aliado, deputado federal Cabo Sabino, que, em busca da reeleição no pleito de outubro próximo, também anunciou saída do PR para assumir o comando estadual do Partido Humanista da Solidariedade (PHS). Os dois parlamentares, que têm em comum a mesma base eleitoral, romperam politicamente.
No PROS, Capitão Wagner, campeão de votos quando disputou cadeira na Câmara Municipal de Fortaleza e na Assembleia Legislativa, pode ajudar a eleger mais candidatos do partido na eleição proporcional. Afinal, entre os critérios de distribuição das verbas do Fundo Partidário e do novo fundo de financiamento de campanha, está o número de votos de cada partido para a Câmara dos Deputados. No caso do Fundo Partidário, 95% do dinheiro é destinado aos partidos que tiverem melhor desempenho na eleição para deputado federal. Já 35% do fundo eleitoral público será dividido pelo mesmo critério.
No novo partido, Capitão Wagner projeta eleger três deputados federais e quatro deputados estaduais, entre eles, Roberto Mesquita, hoje filiado ao PSD, mas que confirmou, ontem, "seguir" o colega no PROS, em busca da reeleição para mandato na Assembleia Legislativa.
Na esteira dos projetos que pretende executar na nova "casa", Wagner enfatizou que a direção nacional do PROS deu total liberdade a ele para defender a candidatura que o diretório estadual achar conveniente, quer seja para Governo do Estado, quer seja para presidente da República. Questionado sobre possível apoio a Jair Bolsonaro, o parlamentar considera que uma aliança fortaleceria o partido no Estado, mas diz que vai esperar por uma decisão nacional da sigla.
"Entendo que, na verdade, não é só a necessidade (de apoiar o Bolsonaro) por conta da militância, mas é um candidato competitivo. Isso acaba fortalecendo o grupo, traz o voto de legenda, caso haja coligação com o partido que feche o Bolsonaro - não está definido ainda se, de fato, ele vai para o PSL, então não há qualquer dificuldade nesse sentido. A nível nacional, o partido ainda não se posicionou, não definiu qual candidato a presidente vai apoiar, mas nos dá tranquilidade, certeza e independência para que a decisão que a gente tome aqui seja decisão honrada, com todos os membros do partido".
Oposição
No entanto, esse poderá ser um desafio a ser enfrentado por Capitão Wagner no PROS. Mesmo confirmando que o parlamentar tem autonomia para apoiar quem "achar conveniente", o atual dirigente do partido no Estado, deputado federal Vaidon Oliveira, preferiu não entrar em detalhes ao opinar sobre um eventual palanque no Estado com Bolsonaro. "Se tiver que ser o Bolsonaro... O momento confuso, com a condenação do ex-presidente Lula, dá uma revolta na política nacional, a gente que está em Brasília não tem um nome para a disputa presidencial. Então a nossa conjuntura nacional vai depender do que acontecer ainda na conjuntura nacional", ponderou.
Já quanto à disputa ao governo estadual, Capitão Wagner foi categórico ao dizer que é "zero" a possibilidade de o partido apoiar a reeleição do governador Camilo Santana (PT). Ele frisou que cobrará fidelidade daqueles que se filiarem. Sobre o fato de ter escolhido um partido que já abrigou os irmãos Cid e Ciro Ferreira Gomes, Wagner disse que, agora, dará uma "cara de renovação" à legenda e adotará como uma de suas principais bandeiras a segurança pública.
"Nenhum partido, hoje, defende a segurança com objetividade e critérios técnicos, e nos foi dada essa condição de formar, inclusive, a nível nacional, um grupo que possa trabalhar essa bandeira dentro do partido. Não há qualquer possibilidade de estarmos num palanque que nós criticamos durante toda a nossa vida política", cravou.
Fique por dentro
Em quatro anos, partido vai da base à oposição
Em um intervalo de apenas quatro anos, o PROS passou por mudanças de comando e rumos no Estado. Basta lembrar que, se neste ano o partido vai para a disputa na oposição, nas eleições de 2014, a sigla era uma força política governista, sob a direção dos irmãos Ciro e Cid Gomes. Naquele ano, 12 dos 46 deputados estaduais eleitos para a Assembleia Legislativa eram filiados à legenda, assim como três dos 22 deputados federais da bancada cearense.
Com a saída dos irmãos Ferreira Gomes do partido, em 2015, quando já era sinalizada a intenção de Ciro ser pré-candidato à Presidência da República pelo PDT, o PROS também perdeu deputados, prefeitos, vereadores e outros filiados no Ceará. Com o ingresso dos deputados Capitão Wagner e Roberto Mesquita, a sigla volta a ter bancada no Legislativo estadual ainda neste ano.
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