Perto de zerar o índice de analfabetismo infantil na rede estadual, o Ceará, no entanto, ainda figura entre os cinco estados do Brasil com maior nível de analfabetismo. São 15,2% das pessoas com 15 anos ou mais sem saber ler ou escrever. São 1.054.300 pessoas nessa condição. A taxa no Estado é maior que a do Nordeste (14,8%) e representa mais que o dobro do percentual no País (7,2%). O crescimento do índice é diretamente proporcional ao avanço da idade, atingindo quase 40% da população com 60 anos ou mais.
Os dados são de pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento foi feito ao longo de 2016 pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad).
Assim como no Ceará — apesar de em porcentagem menor — a quantidade de pessoas que não sabem ler ou escrever em Fortaleza também é maior conforme o aumento da idade. Partindo de 5,4% na faixa etária de 15 anos ou mais até 15,6% entre pessoas de 60 anos ou mais. De acordo com o levantamento, a prevalência acompanha o cenário nacional, no qual a taxa quase triplica, indo de 7,2% a 20,4%.
Além do Ceará, os outros quatro estados com maiores índices de analfabetismo são nordestinos e superam a taxa da região. São eles: Alagoas (19,4%), Piauí (17,2%), Maranhão (16,7%) e Paraíba (16,3%).
Conforme o estudo aponta, o Nordeste é a região com mais pessoas analfabetas (14,8%), seguida pelo Norte ( 8,5%) e pelo Centro-Oeste (5,7%). O índice na região nordestina é quase quatro vezes o número registrado nas regiões com as menores taxas: Sudeste (3,8%) e Sul (3,6%).
Resultado histórico
O aumento de acordo com a faixa etária, de acordo com o coordenador de Gestão Pedagógica da Secretaria da Educação do Ceará (Seduc), Rogers Mendes, ocorre devido a acúmulo histórico. “Se olhar por faixa etária, você não vai mais encontrar pessoas analfabetas de 15 a 19 anos. Não só o Ceará, mas todos os estados do Nordeste ainda têm o resultado de início tardio de uma política educacional inclusiva. Quanto mais velha a população, maior o percentual de analfabetos”, analisa.
Ele detalha que uma das dificuldades é fazer com que “essas pessoas com idade avançada voltem para escola”. Programas como o Brasil Alfabetizado e o Educação de Jovens e Adultos (EJA), conforme explica Mendes, são voltados para essa demanda.
“A gente tá tentando garantir a alfabetização na idade certa. Há uma boa expectativa de redução nos próximos anos. Reduzir 1%, 1,5% a cada ano”, prospecta.
Números
79,6% dos analfabetos com 15 anos ou mais no Ceará são pretos ou pardos
1,054 milhão de pessoas de mais de 15 anos, no Ceará, não sabem ler ou escrever
ANA RUTE RAMIRES
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