quarta-feira, 8 de novembro de 2017

José Serra diz que quer disputar eleição em 2018

Serra disse que não prevê "nenhum retrocesso econômico, não vejo no horizonte tropeços grandes" ( Foto: Agência Brasil )
por Folhapress
Em jantar com quase 30 deputados estaduais, o senador José Serra (PSDB-S) se disse disposto a disputar eleição no ano que vem sem especificar para qual cargo, defendeu o governo Temer e considerou que a Operação Lava-Jato "perdeu ritmo".

Cotado para sair candidato a governador, o tucano fez uma fala bem-humorada, com piadas inclusive sobre si mesmo, em uma cantina nos Jardins, na segunda (6). A reportagem presenciou o encontro.

Disse que, para entender o PSDB, "só com psicanálise" e criticou o discurso da antipolítica, sem citar João Doria (PSDB), que se elegeu com esse mote em 2016.

Após ter o projeto nacional enfraquecido, o prefeito de São Paulo voltou a ser visto como alternativa para o governo de São Paulo, ainda que aliados digam preferir que ele não dispute eleição em 2018.

Hoje, a candidatura do governador paulista, Geraldo Alckmin, à Presidência é favorita no PSDB, mas Serra vem dizendo a interlocutores que ainda deseja concorrer ao Planalto.

Nesse contexto, aliados de Alckmin desenham como cenário mais favorável Serra sair a governador e Doria ficar na prefeitura.

No jantar, deputados estaduais de partidos como DEM, PSD e PP, além do PSDB, elogiaram Serra. Alguns cobraram que se posicione como candidato em São Paulo, outros disseram que o apoiarão em qualquer projeto.

José Aníbal, suplente de Serra no Senado, disse no evento que "provavelmente se colocará" na disputa estadual se o ex-governador não se dispuser.

Organizado pelo deputado estadual Ramalho da Construção (PSDB), que estava acompanhado da filha, a vereadora Adriana Ramalho (PSDB), o jantar contou com a presença de quase um quinto da Assembleia Legislativa paulista como Pedro Tobias, presidente do PSDB de SP, Coronel Camilo (PSD), Delegado Olim (PP) e Fernando Capez (PSDB).

'Meio bananas'

Em sua fala de 50 minutos, Serra comparou a crise atual com a de 1964. "Lá, tinha esquerda, tinha direita, tinha o fato militar. Hoje não tem! É curioso. Hoje há uma revolta da população contra os políticos, naturalmente orientada pela mídia. O que seria trivial viram coisas graves. Isso contamina o Brasil e joga contra os políticos", afirmou.

O tucano, então, disse que não prevê "nenhum retrocesso econômico, não vejo no horizonte tropeços grandes". "Não vai ter euforia econômica, mas também não acho que vá ter uma crise capaz de abalar o processo eleitoral e dar a vitória para os adversários nossos".

"Nesse sentido o governo se sai bem. O simples fato de não estragar já é uma vantagem", afirmou.

Sobre seus planos, Serra falou que esperará para anunciar decisões no ano que vem. "Não sei o que vai acontecer. Até pouco tempo estava aquela excitação toda por causa de Lava-Jato. Não acabou, mas perdeu ritmo comparativamente ao que tinha acontecido", justificou.

"Eu, pessoalmente, estou disposto no ano que vem, se for o caso, a disputar a eleição, não tenho claro, não há elementos para poder definir exatamente [a qual cargo]."

Ele não mencionou quem apoia para assumir a presidência do PSDB a partir da convenção em dezembro, mas reconheceu as dificuldades da vida partidária. "O PSDB só com psicanálise. Teria que ter uma modalidade de análise político-psicanalítica para entender direito. Tem inclusive invenções, fábulas", disse Serra.

Mais adiante, o tucano explicou que não foi um comentário depreciativo. "Eu fiz psicanálise por mais de dez anos. Recomendo para todo mundo. O problema é que é muito caro", notou.

Diante de especulações sobre candidaturas de outsiders como o apresentador Luciano Huck, Serra disse que o "apavora a ideia de sentar alguém, no governo ou na Presidência, sem saber o que fazer, sem ter experiência. É impossível isso!".

"Imagina um sujeito que chega que não sabe o que é o Congresso, não sabe lidar com políticos, não sabe lidar com Orçamento, não tem experiência de decidir sob pressão. Vai levar o país para um limbo", afirmou.

"Não é uma coisa que eu possa dizer publicamente, me parece coisa de interesse próprio. Essa coisa de político e não político, isso não existe. Quem está na vida pública é político."

Em passagens descontraídas, em resposta a um comentário de que às vezes é visto como antipático, ele disse que queria saber quem diz isso. "Tenho alma feminina!"

Em outro momento, afirmou que "os homens são meio bananas, desculpe". Alguém respondeu: "Alguns, né?". Ele respondeu, para graça da plateia: "Na média".

Nenhum comentário:

Postar um comentário