O Plano da Prefeitura de Fortaleza intensificará visitas domiciliares com agentes de endemias em 30 áreas da cidade. De acordo com a SMS, em 2017, já foi realizado mais de 1,5 milhão de visitas ( Foto: Cid Barbosa ) |
por Nícolas Paulino - Diário do Nordeste
O alerta é claro: mesmo com o fim do período chuvoso em Fortaleza, em maio, as arboviroses - dengue, zika e chikungunya - continuam à espreita. Esta última, que ganhou força na cidade em 2017 e já acumula quase 50 mil casos e 76 óbitos confirmados, tem apresentado queda de registros no segundo semestre devido à ausência de chuvas, fator que impede os ovos do Aedes aegypti de eclodirem. Contudo, com o esmorecimento da chikungunya, a preocupação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) é que um novo vírus possa circular já em 2018.
Segundo a titular da SMS, Joana Maciel, há probabilidade de co-circulação de vírus como mayaro, hantavírus, oeste do Nilo, oropouche e Saint Louis. "O mosquito é capaz de transmitir vários tipos de vírus, então a gente insiste em combatê-lo. A nossa parte enquanto gestão de saúde é o manejo e a assistência". O problema é que, conforme a secretária, os ovos do Aedes aegypti podem resistir por mais de um ano em clima seco.
Para o prefeito Roberto Cláudio, o ideal é que a maioria dos criadouros seja eliminada até o mês de dezembro, pouco antes do início da próxima quadra chuvosa. Contudo, o projeto esbarra no levantamento de que 8 em cada 10 focos do mosquito, em Fortaleza, estão dentro das residências; por isso, o gestor pede o engajamento da população nas atividades do Plano de Trabalho de Enfrentamento às Arboviroses, lançado ontem (12), no Paço Municipal.
Dentre as ações do Plano, está o investimento de R$ 500 mil em pesquisas científicas sobre a chikungunya, para identificar fatores de risco associados aos óbitos ocorridos na cidade, os sintomas que diferem da literatura médica, como as complicações neurológicas, e métodos de manejo clínico das dores crônicas, que tendem a acometer principalmente pessoas idosas com comorbidades, grupo que concentra 88% das mortes em decorrência da doença.
Fiscalização
Além disso, como o Diário do Nordeste adiantou na última segunda (11), o Plano intensificará visitas domiciliares com agentes de endemias em 30 áreas da cidade. De acordo com a SMS, em 2017, já foram realizadas mais de 1,5 milhão de visitas domiciliares, 18 mil fiscalizações a sucatas e canteiros de obras e 46 mil mutirões, todos integrantes do eixo de controle vetorial. A secretária Joana Maciel destaca que é preciso um engajamento intersetorial de combate ao Aedes, uma vez que o controle do mosquito "extrapola o setor saúde".
Por isso, a Pasta tem atuado em conjunto a SME no projeto "Detetives contra o Aedes", lançado nesta semana, que capacitará estudantes do Ensino Fundamental da rede pública para atuarem como fiscais do ambiente domiciliar.
A Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) e as Secretarias Regionais também apoiam a Pasta em fiscalizações e na requalificação de pontos de lixo que possam concentrar focos do vetor. Já 19 postos de saúde ganharam salas de observação especializadas no atendimento de arboviroses, e 1.180 profissionais da rede assistencial foram capacitados.
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