domingo, 17 de setembro de 2017

Allan Deberton a caminho do seu primeiro longa metragem

Lília Moema Santana, Allan Deberton e Janaína Marques: um recorte da geração de cineastas do Ceará que chega ao primeiro longa
 FÁBIO LIMA
Lília Moema Santana, Allan Deberton e Janaína Marques: um recorte da geração de cineastas do Ceará que chega ao primeiro longa FÁBIO LIMA
O Povo
Janaína, Allan, Lília, Leonardo são mais que quatro no universo do cinema. Espelham outros tantos realizadores que caminham até o primeiro longa-metragem da carreira. Têm formação diversa, jeito próprio de contar uma história e mil olhares sobre o mundo que, somados e multiplicados, compõem um caleidoscópio da atual produção do Ceará no cinema nacional – e além mar.

Apoiados por editais ou com recursos de produtoras, eles dão um passo maior, além dos curtas-metragens já praticados e premiados. 

O que exige mais persistência e conhecimento. “Há mais de dez anos”, o cineasta Allan Deberton, 35 anos, se dedica à construção de Pacarrete, seu primeiro longa-metragem. Ele iniciava o curso de Cinema na Universidade Federal Fluminense quando soube da vida de Pacarrete (1912-2004), uma conterrânea de Russas (171,3 quilômetros de Fortaleza) que sonhava em ser bailarina e abrir uma escola de dança no Interior. 

Allan precisou de tempo para a pesquisa, a formatação do projeto e para se conhecer como realizador. Queria “inovar também nesta contação”, sublinha, em entrevista por e-mail. O filme deve ser rodado em maio de 2018 e estrear no começo de 2019. “As histórias que gosto de contar também são bem simples, que se desenvolvem dentro do aspecto de conflito interno dos personagens e suas evoluções”, caminha. Estrada pessoal 

“Cada um trilha o próprio caminho, vendo o ritmo de vida”, sinaliza a diretora e roteirista Janaína Marques, 38 anos. Se o ponto de partida da brasiliense foi o curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará (UFC), as muitas chegadas se deram na Escuela Internacional de Cine Y TV (EICTV), em Cuba. “É uma referência, pra mim, porque é uma escola que se aprende fazendo, não é uma escola teórica. Fui para adquirir segurança, conhecimento”, demarca, em entrevista por telefone. 

Instalada a 30 quilômetros da capital cubana, diz Janaína, a EICTV lhe possibilitou uma “espécie de exílio e isso aflorava as histórias que queria contar”. Ao mesmo tempo, ela convivia, em sala de aula, “com 38 nacionalidades, em um país completamente diferente” do Brasil. Aprendeu, principalmente, a reconhecer uma história como única e a tirá-la de dentro de si mesma. 

Tanto que a diretora e roteirista está em plena produção. Além da elaboração do primeiro longa-metragem, Olhos de Caranguejo, ela se prepara para filmar, no início de 2018, a série televisiva Fortaleza Paraíso; escreve outra série para o núcleo criativo do diretor Karin Aïnouz; aguarda o resultado de um edital da Secretaria da Cultura do Estado para produção...  

Janaína tem seis argumentos de ficção, três projetos de  documentário e um roteiro escritos e desenvolve outro roteiro para concorrer ao próximo edital da Agência Nacional do Cinema. “Tem que olhar pro mundo sempre buscando ideias, personagens. Tem que ter sempre cinco, seis projetos debaixo do braço”, defende sobre o cinema como profissão. Maratona 

“A gente começa com os curtas. É o pontapé inicial da maioria das pessoas, principalmente, aqui”, dialoga a cineasta Lília Moema Santana, 56 anos, em entrevista por WhatsApp. Os curtas-metragens levam a festivais, abrindo caminhos e contatos. Conto Logo o Quanto Louco (1992), O Alvo (1994), Cebola Cortada (1996) e Imaginários (2001), por exemplo, são do início da carreira e das premiações nacionais e internacionais de Lília. 

A cineasta ainda se demorou uma década em vídeos institucionais e programas para a TV até o projeto do primeiro longa-metragem: Se Arrependimento Matasse, em 2009. O filme é baseado na peça homônima, escrita por Caroline Secundino Treigher, e ficou na gaveta até 2014 – quando a adaptação foi retomada. Em 2015, foi contemplado em edital do Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Cinema Brasileiro.

Ultrapassados os trâmites de documentação e contratos, Lília se prepara para as filmagens em novembro próximo. O lançamento, projeta, deve ser em 2018. “Ainda tem muita coisa pra fazer até novembro: locação, apoios... É uma longa caminhada. O trabalho é árduo até filmar, e finalizar, e pós-produzir. É uma maratona”, segue.

ANA MARY C. CAVALCANTE

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