Mais de 700 pessoas foram imunizadas no Ceará, de um total de 1.200 que participarão dos ensaios clínicos. Para o pesquisador responsável, Ivo Castelo Branco, as perspectivas de aprovação da vacina são boas ( Foto: Lucas Moura ) |
por Renato Bezerra-Diário do Nordeste
Um ano após o início da terceira e última etapa dos testes para a viabilização da vacina contra a dengue, mais de 700 pessoas foram imunizadas no Ceará, de um total de 1.200 que participarão dos ensaios clínicos. Apesar de dados ainda preliminares, os resultados até o momento indicam uma eficácia de 85% na proteção aos quatro sorotipos da doença. No Estado, os testes são realizados pelo Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Ceará (UFC), um dos 14 centros de estudos credenciados pelo Instituto Butantan para o desenvolvimento do projeto da vacina.
Os voluntários imunizados no início dessa etapa, no entanto, serão monitorados por mais quatro anos, somando os cinco necessários para o monitoramento até que a vacina seja liberada para produção e distribuição ao Sistema Único de Saúde (SUS). Para o infectologista Ivo Castelo Branco, pesquisador responsável pelos testes no Estado, as perspectivas de aprovação da vacina são boas, com baixo registro de efeitos colaterais. "São pouquíssimas reações e praticamente efeitos de qualquer tipo de vacina. As vezes a pessoa pode ter uma dor de cabeça, vermelhidão no corpo, febre baixa e sequer precisa de medicação", explica o pesquisador.
Todos os voluntários já imunizados no Ceará fazem parte do grupo de adultos entre 18 e 59 anos de idade. Atualmente, segue em andamento a vacinação do grupo entre 2 e 17 anos. Segundo o infectologista, não está descartado a possibilidade da vacina, que é do tipo subcutânea, ser liberada parcialmente para uma determinada faixa da população, a depender de resultados futuros. "Há princípio, são cinco anos de monitoramento, mas se por exemplo os adultos mostrarem uma eficácia muito grande é possível que em três anos a faixa acima de 18 anos a gente consiga liberar. Essa perspectiva existe, mas isso ainda não está definido", explica.
O médico também destaca como vantagem da vacina em teste, em comparação a já existente, o fato de ser dose única e igualmente eficaz para os quatro tipos da doença. "A outra vacina são três doses e a proteção fica em torno de 30% para a dengue do tipo dois. Juntando os quatro sorotipos a proteção fica em 60%. Você perceber nas vacinas que têm muitas doses, como o HPV, por exemplo, as pessoas tomam, mas um percentual de mais da metade não retorna para a segunda dose, então fica o risco de perder uma vacina caríssima. O fato de ser dose única é uma boa estratégia", comenta.
Encontro
Os representantes dos 14 Centros de estudo da vacina se reunirão no Instituto Butantan, em São Paulo, na próxima segunda-feira (31), para uma avaliação mais detalhada dos resultados. Os testes da fase três, a nível nacional, envolvem 17 mil voluntários em 13 cidades das cinco regiões do País. Com o resultado desse estudo é que a Anvisa pode autorizar o uso da vacina para todo o Brasil.
Em 2017, segundo o mais recente boletim da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), foram confirmados 16.067 casos de dengue no Ceará, atingindo 143 municípios. A maior incidência ocorreu em Acopiara, Alto Santo, Brejo Santo, Farias Brito, Iracema, Quixeramobim, Tabuleiro do Norte, Milagres, Fortaleza e Jaguaribara.
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