O primeiro transplante de pulmão das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do País foi realizado pela equipe do Hospital de Messejana, coordenada pelo cirurgião torácico Antero Gomes Neto, em junho de 2011. ( Arquivo ) |
Diário do Nordeste
A estudante Juliane Matos, 21 anos, ganhou um presente que mudou sua vida em dia 20 de dezembro de 2016. Ela foi contemplada na fila de transplantes de pulmão do Hospital de Messejana (HM), em Fortaleza, referência nacional nesse tipo de procedimento, e hoje, ela leva uma vida normal e faz planos para o futuro.
"Minha única salvação era o transplante. Em 2015, sofri um acidente de moto que me fez tomar medicações para convulsão, e por consequência, desenvolvi uma bronquiectasia. Na minha cidade, não havia nenhum local onde eu pudesse fazer o transplante e por isso me indicaram o tratamento em Fortaleza. Agradeço todos os dias a Deus, minha família e toda equipe do Hospital de Messejana, que me tratou maravilhosamente bem", conta ela, que é natural do município de Garanhuns (PE), e atualmente reside em Fortaleza.
“Esperei durante quase um ano na fila"
Passado o momento de apreensão, Juliane agora quer seguir sua vida e fazer coisas simples, que não podia fazer antes. “Esperei durante quase um ano na fila de espera, mas valeu a pena. Durante o tratamento, senti falta de coisas simples como poder caminhar, escovar os dentes, pentear o cabelo, que atualmente posso fazer de novo”, acrescenta.
O primeiro transplante de pulmão das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do País foi realizado pela equipe do Hospital de Messejana, coordenada pelo cirurgião torácico Antero Gomes Neto, em junho de 2011. Ele lembra que a primeira cirurgia foi um grande marco para o atendimento aos pacientes com graves problemas respiratórios.
“Antes, esses pacientes não tinham alternativa de tratamento, principalmente quem não tinha condições financeiras de viajar para outro estado do país, agora têm à disposição um serviço de alta qualidade para o tratamento”, enfatiza.
5 hoje estão aguardando o órgão
Nesses seis anos já foram realizados 38 transplantes de pulmão. Atualmente, cinco pessoas estão na fila, aguardando a doação do órgão. A equipe do Programa de Transplante de Pulmão do HM já soma várias vitórias.
“Temos muito o que comemorar já que esse tipo de transplante é um dos mais delicados por conta do alto índice de complicações e mortalidade. A nossa meta é realizar ainda mais transplantes. Não é fácil ter um programa de transplantes de excelência como o nosso no Brasil. Fortaleza é referência no norte-nordeste e está entre uma das melhores do País. Existe uma demanda reprimida, o que acaba dificultando termos números ainda melhores. Por exemplo, nos EUA a média de transplantes de pulmão é de 5,5 por milhão de pessoas. Já no Brasil, essa média cai drasticamente para 0,5 milhão de pessoas. Tem gente que precisa de transplante, mas não é devidamente encaminhada para realizar o tratamento mais indicado”, diz Antero Gomes Neto.
Parceria com IJF
O médico explica ainda que o pulmão é um dos órgãos mais delicados, um dos primeiros a perder os sinais após a morte. “Temos uma parceria de sucesso com Instituto Doutor José Frota (IJF), agilizando em menos de 6 horas o encaminhamento dos órgãos após a coleta. O pulmão tem contato direto com impurezas externas e é muito vulnerável a infecções. Além disso, a maioria dos pacientes vem de entubamentos, que podem comprometer o órgão”, finaliza.
Pacientes com doenças respiratórias graves, como fibrose pulmonar, fibrose cística e enfisema pulmonar, que antes não tinham alternativa de tratamento e sofriam com a certeza de uma expectativa de vida curta, têm a oportunidade de realizar transplante de pulmão sem precisar viajar para São Paulo ou Rio Grande do Sul.
SP, RS e CE como referência
Segundo o coordenador do serviço, além do Ceará, apenas os estados de São Paulo e do Rio Grande do Sul são referências em transplantes de pulmão no Brasil. Os bons resultados conquistados pela equipe do Hospital de Messejana devem-se a alguns fatores, entre eles, a qualidade, competência e dedicação da equipe médica e multidisciplinar do Hospital.
"Antes de fazer transplantes de pulmão, criamos a Residência em Cirurgia Torácica, que existe há 15 anos aqui no Hospital. Isso tudo nos torna referência na assistência e no ensino", comemora. O cirurgião ressalta também a importância do atendimento especializado e acompanhamento da família para garantir a tempo o encaminhamento do paciente que está em condições de ser submetido a um transplante com segurança.
"Eles precisam ser encaminhados cedo para o Hospital de Messejana. Quando encaminhados tardiamente, se perde o momento do transplante. Ou seja, se o paciente tem doença pulmonar grave, como fibrose ou enfisema e está evoluindo cada dia mais cansado, ele deve ser encaminhado para o transplante antes que seja tarde demais", explica Antero.
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