A família entrou em contato com o Governo do Estado do Ceará e confirmou a morte do cantor ( FOTO: ARQUIVO/DIÁRIO DO NORDESTE ) |
O Governo do Estado do Ceará foi contatado pela manhã com um pedido de traslado do corpo. O chefe da Casa Civil, Nélson Martins, recebeu uma ligação do sindicalista Walmick Ribeiro, que, por sua vez, havia recebido a informação sobre a morte do cantor por meio do contato da presidente da Federação Nacional dos Empregados da Caixa Econômica Federal, Célia Zingler.
Célia era vizinha de Belchior na cidade de Santa Cruz. Um representante da Casa Militar do Rio Grande do Sul já esteve na residência de Belchior e confirmou a informação para a Casa Militar do Ceará, na pessoa do coronel Túlio Studart.
A sobrinha do cantor, Lara, filha de Ângela Belchior, disse que as causas da morte ainda são desconhecidas e que o Governo e a Casa Civil estão mobilizados para realizar o traslado. Lara disse ainda que o velório e enterro devem acontecer em Fortaleza, já que há pouco contato familiar em Sobral para proceder com a logística. Não foi decidido ainda o cemitério onde acontecerá o enterro.
O Governo do Estado ainda não tem informações precisas sobre o horário em que o corpo sairá do Rio Grande do Sul com destino ao Ceará. É possível que o traslado não aconteça até o fim do dia devido à distância da cidade de Santa Cruz para a capital Porto Alegre, e desta para Fortaleza.
O governador Camilo Santana lamentou a morte e decretou luto oficial de três dias. "Recebi com profundo pesar a notícia da morte do cantor e compositor cearense Belchior. Nascido em Sobral, foi um ícone da Música Popular Brasileira e um dos primeiros cantores nordestinos de MPB a se destacar no país, com mais de 20 discos gravados. O povo cearense enaltece sua história, agradece imensamente por tudo que fez e pelo legado que deixa para a arte do nosso Ceará e do Brasil. Que Deus conforte a família, amigos e fãs de Belchior. O Governo do Estado decretou luto oficial de três dias", afirmou Camilo.
O prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, também lamentou a morte do músico cearense. "A cultura musical cearense e de todo o País, assim como outras expressões das nossas artes, perde uma das suas mais marcantes personalidades. Não há como aferir o tamanho dessa perda que, infelizmente, encerra um longo e grave período de ausência de Belchior entre nós. É hora de nos solidarizarmos com os parentes, amigos e fãs, dentre os quais me incluo, alem de manifestarmos a nossa eterna gratidão por este cearense ter trazido ao mundo uma poesia transcendente em todos os seus aspectos", afirmou em nota.
O secretário da Cultura do Estado do Ceará, Fabiano dos Santos Piúba também se pronunciou sobre o luto que o Ceará vive. "Além de se despedir da genialidade, do lirismo e da contundência de Belchior, de sua magistral reinvenção da canção popular brasileira, capaz de levar a todas as classes sociais temas densos e profundos, também embalados em espírito crítico, irônico, transformador, o Ceará diz adeus neste domingo a um sonho cultivado por seus cidadãos: o de ver Belchior, na hora que ele julgasse acertada, retornar a nosso Estado e, quem sabe, também aos palcos e estúdios. Com a certeza de muitas e maravilhosas coisas novas pra dizer. Além da importância de sua vasta obra musical, que merece ser cada vez mais estudada, conhecida e reconhecida para além dos grandes sucessos, ficam para sempre nos corações dos cearenses o sorriso, a verve e as canções do eterno Bel. Porque viver é melhor que sonhar", declarou, em nota, o titular da Secult.
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Músico foi dos mais importantes nomes da MPB
Belchior deu os primeiros passos de sua carreira artística ainda nos anos 1960, mas foi em 1971, após abandonar o curso de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) e se mudar para o Rio de Janeiro, que decidiu investir definitivamente na música. O primeiro álbum veio em 1974, Intitulado "Belchior", mas não chegou a alçar o artista ao sucesso.
Dois anos depois, foi lançado o álbum "Alucinação" (1976), que completou 40 anos no ano passado. O disco é considerado a obra-prima do cantor cearense e um dos mais importantes da história da MPB.
"Alucinação" reúne canções como "Apenas um rapaz latino-americano", "A Palo Seco", "Fotografia 3x4", "Como Nossos Pais" e "Velha Roupa Colorida". Essas duas últimas composições também foram imortalizadas na voz de Elis Regina, que decidiu incluí-las no LP "Falso Brilhante" (1976), dando grande projeção nacional a Belchior.
O artista vivia distante do contato com familiares, músicos, fãs e imprensa há cerca de 10 anos.
Diário do Nordeste
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