quinta-feira, 13 de abril de 2017

Ceará comemora 300 transplantes de medula

por Karine Zaranza - Repórter
Diário do Nordeste

Em relação ao transplante de medula óssea, a Secretaria da Saúde do Estado e o HUWC recebem pacientes de outros estados ( Foto: Yago Albuquerque )
O delegado Francisco Braúna comemorou um ano de renascimento com um banho de chuva. Transplantado de medula óssea, ele prometeu que voltaria a brincar e agradecer a água que caía como bênção. Antes, ele chegou a desistir da vida quando sofria com as dores causadas pela leucemia. Agora, é um dos cearenses que compõem a marca de 300 transplantes de medula óssea feitos no Ceará, no período de 2008 a fevereiro de 2017. O feito foi comemorado ontem no Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce).

O governador Camilo Santana disse que o momento era de celebração e de orgulho pelo trabalho de referência que o Estado vinha desenvolvendo. "Estamos salvando vidas não só dos cearenses, como também pessoas de outros estados que vêm para cá. Somos referência no País. Apesar da crise que enfrentamos, o Ceará bateu recorde em transplante", disse empolgado.

Em sua primeira visita como chefe do poder estadual ao hemocentro, Camilo disse estar "impressionado" e prometeu tentar atender às demandas do órgão. O chefe da Unidade de Onco-hematologia do Hospital Walter Cantídio (HUWC), Fernando Barroso, reforçou que atingir esse número de transplante é um divisor de águas para o Estado.

Ele reforçou que, há mais de 30 anos, nunca um nordestino ocupou cadeira na Câmara Técnica Nacional de Transplantes. Agora, ele representa o Ceará. Mesmo com um resultado positivo, o médico alerta para a necessidade de criar um programa de transplante robusto no Estado para que projetos e parcerias- como a que ocorre entre o Hemoce e o HUWC nos transplantes de medula- não se acabe a despeito de acordos políticos.

Fernando Barroso apontou ainda a necessidade de ampliação do número de leitos para transplantados. "Agora é capacitar mais equipes e conseguir mais leitos. Morrem pessoas que identificam doadores e morrem porque não tem leitos. Sabe o que é isso? É garantir o básico", defende o oncologista, que comemora não apenas o número atingido, como também a qualidade. "Temos uma curva de sobrevida de 82% dos transplantados depois de dois anos e essa marca é para países desenvolvidos", diz Fernando Barroso.

O secretário de saúde do Estado, Henrique Javi, garantiu que no Ceará o transplante não deixa de acontecer por falta de leito. Conforme ele, há uma manobra para garantir a vaga sempre que a doação é confirmada. No entanto, especificamente em relação ao transplante de medula óssea, o número de leitos serão ampliados. "Hoje em dia temos no HUWC 13 leitos. Lá é onde ocorrem os transplantes de medula. Agora, o hospital está ampliando para 22 vagas", explicou Henrique Javi. O titular da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) disse também que, apesar da crise econômica, há um esforço para que não haja diminuição de recursos para a área.

No outro lado da ponta do transplante está o doador. O guarda municipal Esli Pompeu reforçou a importância das ações de sensibilização para que a sociedade também se envolva nesse processo. Ele salvou uma vida. "Nossa maior alegria como agente de segurança pública é salvar vidas. Fazer isso é belíssimo. E me sinto seguro em vir doar sangue e medula".

A parceria entre HUWC e Hemoce contabiliza 258 autólogos, 52 alogênicos e 1 haploidêntico. O transplante do tipo autólogo consiste no autotransplante, ou seja, o próprio paciente é fonte de células-tronco. No transplante alogênico, o doador pode ser aparentado ou não. O haploidêntico, realizado pela primeira vez no dia 18 de outubro de 2016, é aquele onde há 505 de compatibilidade entre doador e receptor.

Doe de Coração

A campanha "Doe de Coração", criada em 2003 pela Fundação Edson Queiroz, com a proposta de levar por meio da informação o debate sobre a doação de órgãos à sociedade e estimular a solidariedade é reconhecida por especialistas e estudiosos como um dos principais instrumentos para alavancar o número de procedimentos no Estado.

Por sua relevância, em 2009, foi reconhecida pela Associação Brasileira de Transplantes (ABTO) com o Troféu Amigo do Transplante, concedido a iniciativas de importante papel para o aumento do número de transplantes no País. Desde então, a mobilização entrou para o calendário da Campanha Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos desenvolvida pela entidade.

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