por Vanessa Madeira - Repórter- Diário do Nordeste
Fortaleza e Região Metropolitana alcançaram, no mês de março, a maior economia de água registrada desde o início da aplicação da tarifa de contingência. Conforme dados da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), durante o período, houve redução de 13,98% no consumo, o maior percentual obtido de dezembro de 2015 até agora. Apesar do avanço, a queda, de acordo com a empresa, está relacionada à ocorrência de chuvas na Capital e em municípios adjacentes. Outro ponto preocupante é que, mesmo com o bom resultado, a população ainda não conseguiu atingir a meta estabelecida de 20% de diminuição.
A diretora de mercado da Cagece, Cláudia Caixeta, destaca que o menor consumo em março gerou economia de 1,6 milhão de m³ de água em relação à média utilizada para o cálculo da tarifa. Embora também possa ser atribuída aos efeitos da cobrança sobre os consumidores, a queda, segundo observa a diretora, tem como principal causa as precipitações registradas no período. Conforme Cláudia, por conta das chuvas, hábitos que acarretam gastos de água significativos tornaram-se menos recorrentes ao longo do mês, fazendo com que o desperdício caísse.
"Teve a questão da própria tarifa. É uma sobretaxa, então as pessoas estão começando a avaliar o custo-benefício", afirma a diretora. "Mas sabemos que, historicamente, quando chove, costuma haver redução no consumo. As pessoas deixam de regar plantas, de lavar a calçada e também passam a fazer armazenamento", acrescenta.
Cobrança
Cláudia ressalta que, mesmo não sendo o primeiro motivo para a queda nos gastos, a tarifa de contingência tem gerado benefícios expressivos em termos de economia. Segundo a diretora, enquanto antes da aplicação da cobrança o consumo médio de água por residência (com até quatro moradores) era de aproximadamente 14 m³, hoje esse total passou para 10,5 m³.
"Muitos clientes mudaram de postura em relação ao consumo. Seja pela consciência ou pela sobretaxa, vêm se adequando à meta. Mas ainda existem pessoas que acham que podem pagar a tarifa e continuam desperdiçando", pontua Cláudia Caixeta.
No entanto, ainda que a população tenha começado a mudar hábitos, a meta de redução de 20% do consumo, válida desde setembro do ano passado, continua longe de ser atingida. Ao mesmo tempo, as precipitações registradas durante a quadra chuvosa não foram suficientes para gerar grandes recargas nos reservatórios do Estado.
A diretora de mercado destaca que a Cagece não deve recuar nos limites estabelecidos, uma vez que a situação hídrica do Estado permanece grave. Conforme ela, após o fim de maio, último mês da estação de chuvas, a empresa, assim como os demais órgãos pertencentes ao Comitê Integrado de Combate à Seca, devem se reunir para avaliar os resultados das ações do Plano de Segurança Hídrica da Região Metropolitana.
"As ações têm que continuar. É um caminho que não tem volta. Se voltarmos ao consumo de antes, a situação vai ficar muito complicada. Temos feito esforços para evitar o racionamento, porque é o pior cenário do ponto de vista da saúde pública e operacional. Mas, se alguma ação parar, corremos esse risco".
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