Aline Barbosa participa da organização internacional há dois anos (FOTO: Acervo pessoal) |
A médica cearense Aline Barbosa participa da organização Médico Sem Fronteiras (MSF), que oferece ajuda médica e humanitária a populações em situações de emergência, há dois anos. Ela já participou de cinco missões internacionais, inclusive voltou da última, no Haiti, há alguns dias. Em Fortaleza novamente, a médica participou de eventos do Conexões.
Participar do programa é a realização de um sonho. Quando estava em seu segundo ano de faculdade, foi inspirada por um professor que tinha sido do MSF. A jovem ouviu o relato sobre a experiência na organização, e foi naquele momento que decidiu que queria, com seu ofício de médica, salvar vidas de pessoas sem expectativas, que vivem em meio à pobreza extrema.
“Nesse dia eu saí encantada com o trabalho, saí com a certeza de que um dia também ia fazer a mesma coisa”, lembra Aline.
Então, em 2008, quando se formou na Universidade Federal do Ceará (UFC), passou pelo período de residência e trabalhou no interior do Ceará, sentindo-se preparada para tentar uma vaga na organização. Ela se inscreveu e passou por uma seleção em que concorreu com mais de 2 mil médicos brasileiros.
Mesmo com a concorrência alta, Aline não desanimou e enfrentou todo o processo, em que tinha que passar por algumas entrevistas e testes. Ela foi aprovada. Em outubro de 2014, a médica recebeu a notícia positiva que esperava ansiosa, e foi chamada para sua primeira missão, no Quênia, na África.
Os desafios foram muitos. Aline lidou com pacientes que viviam uma realidade totalmente diferente da sua, extremamente fragilizados, além de tratar doenças que conhecia só na teoria dos livros. Em uma missão em Angola, ela tratou pessoas em meio a uma epidemia de febre amarela, por exemplo.
“Febre amarela era uma doença que eu nunca tinha visto em nenhum paciente, porque aqui no Ceará não tem, então era uma coisa que eu não tinha experiência e os pacientes chegavam já em um estado muito grave. Para mim, foi um aprendizado enorme”, revela.
A médica relata que, apesar de os pacientes que já ajudou a tratar em suas missões viverem em uma situação que os deixa fragilizados e precisando de cuidados especiais, ela se surpreende muito com eles, pois muitas vezes conseguem se recuperar quando esperança não existe. “Uma coisa que eu percebo é que eles são extremamente fortes, isso sempre me impressiona”, expressa Aline.
As missões de Aline foram no Quênia, Nepal, Angola, Equador e Haiti. Participar do Médicos Sem Fronteiras não é voluntário, é humanitário, o espírito é voluntário, como diz a própria Aline.
O salário é simbólico, suficiente para viver. Menos do que um médico ganharia trabalhando no Brasil, mas o que importa para Aline não é o salário, mas exercer um trabalho satisfatório.
“A gente sabe que aqui no Brasil tem muitas necessidades também, mas quando você encontra lugares com necessidades bem maiores e pessoas que precisam realmente muito, então é sempre bem gratificante”, assegura Aline.
Se depender da médica cearense, ela não para tão cedo de ajudar as pessoas pelo mundo. “Eu sempre volto de uma missão já pensando na próxima”, garante.
Médicos Sem Fronteiras
Médicos Sem Fronteiras (MSF) é uma organização sem fins lucrativos internacional e não governamental que desenvolve atividades em que ajuda populações em situações de emergência, geralmente em casos de epidemias, catástrofes, conflitos armados, fome e exclusão social. A organização oferece ajuda médica e humanitária.
Neste mês de novembro, a organização realizou o evento Conexões MSF na capital cearense, com diversas atividades gratuitas em Fortaleza. Neste sábado (19), a partir das 18 horas, acontece no TruckVille Food Park, localizado na Av. Washington Soares, uma sessão de cinema a céu aberto com o filme “Caminhos da vacina”. O objetivo da ação é conectar as pessoas com a ajuda humanitária que a MSF realiza em cerca de 70 países.
Após a exibição do filme, quem tiver interesse de saber mais sobre as experiências de Aline em sua missões vai poder fazer perguntas e ouvir o relato da médica. Além dela, o enfermeiro e vice-presidente do Conselho de Administração de MSF-Brasil, Mauro Nunes, responderá perguntas dos participantes.
Serviço:
Para saber mais sobre o Médicos Sem Fronteiras e o evento, acesse o site.
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