O Governo do Ceará inaugurou, na manhã desta segunda-feira (26), o Sistema de Captação Pressurizada do Açude Gavião, em Pacatuba. Executada pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), a obra objetiva evitar o desabastecimento de água caso haja agravamento da crise hídrica e não se mantenha o nível de reservação das águas do Gavião. A nova estrutura foi concluída no prazo de 50 dias e contou com investimento de R$ 6,8 milhões provenientes da Tarifa de Contingência aplicada pela Cagece.
O governador Camilo Santana destacou a relevância e urgência de ações do Governo do Ceará na Região Metropolitana de Fortaleza, ressaltando a questão hídrica como grande preocupação da atual gestão para os próximos anos. “Essa é mais uma ação que faz parte do plano em relação ao problema da água na Região Metropolitana. Já fizemos o reúso de água, bateria de poços no Pecém, adutora do Maranguapinho, e nos próximos dias vamos inaugurar o reúso da água do Pacajus. Aqui, estamos fazendo a pressurização do bombeamento da água do Gavião, exatamente porque se tivermos problema de rebaixamento da cota do açude a gente vai acionar as bombas flutuantes e garantir o abastecimento para a cidade de Fortaleza e toda a Região Metropolitana. Nós investimos quase R$ 7 milhões neste equipamento. É mais uma obra que reforça a nossa segurança hídrica”, disse.
A nova estrutura na Estação de Tratamento de Água (ETA) do Gavião faz parte do Plano de Segurança Hídrica da Região Metropolitana de Fortaleza, conjunto de medidas apresentados pelo Estado no dia 26 julho que buscam a redução em 20% do consumo de água até a próxima quadra chuvosa. As ações deverão ser executadas pelo Governo do Ceará de forma emergencial até março de 2017. Com investimentos orçados em R$ 64,1 milhões, o plano prevê contrapartida de setores da sociedade, caminhando conjuntamente com a conscientização da população para o uso responsável e sem desperdício da água.
“Há alguns meses, inauguramos algo inovador que foi o reúso da água de lavagem dos filtros aqui da ETA Gavião. Com isso estamos economizando 300 litros por segundo, o que equivale a mais do que abastecer a cidade de Sobral. Recentemente também inauguramos uma adutora no Maranguape, tirando água do Maranguapinho. Hoje, a água que ia daqui da ETA Gavião para Maranguape não precisa mais ir porque está sendo abastecido com o Rio Maranguapinho, exatamente para preservar a água de Fortaleza e Região Metropolitana. Agora no início de janeiro vamos inaugurar a bateria de 42 poços no Pecém, que vai exatamente abastecer toda a siderúrgica e evitar que a água do Castanhão vá para o Complexo Portuário do Pecém. Vamos usar a água do Cauípe também para abastecer o local, diminuindo o uso da água aqui do Gavião. Todo o Pacoti foi recuperado. Estamos jogando 10m³ por segundo no bombeamento do Gavião. E ainda vamos usar toda a água do Pacajus, lá tem quase 30 milhões de m³. Se precisar vamos secar o Pacajus para que não falte água em Fortaleza e na Região Metropolitana”, comentou Camilo Santana.
Mais alternativas
O Sistema de Captação Pressurizada do Açude Gavião não vem para criar “água nova”, como explica o secretário dos Recursos Hídricos do Ceará, Francisco Teixeira. Segundo ele, o sistema é uma estação flutuante de segurança para impedir que a vazão de abastecimento de Fortaleza diminua. A ETA do Gavião, portanto, garante a manutenção do nível de atendimento à população independentemente de questões como economia de água, problemas operacionais ou de acirramento da seca. “Podemos garantir um nível estático e a vazão de 7m³ de água por segundo para Fortaleza através da ETA Gavião. Por isso essa estação é muito importante. Qualquer rebaixamento do açude ela permite manter o mesmo ritmo de atendimento”, esclareceu o secretário.
Segundo o titular da pasta, a crise hídrica fez com que o Estado se empenhasse na busca pelo aumento de alternativas de sistemas, estruturas e planos para que não falte água. “Nós temos buscado diversificar as fontes hídricas. Trazer água não só do Orós e do Castanhão para manter minimamente os níveis dos açudes da RMF, Pacoti, Riachão, Gavião, sobretudo o Gavião, que tem um nível estático mínimo. Também buscamos poços. Em janeiro o governador deverá acionar a bateria de poços do Pecém, para injetar mais 200 litros por segundo no sistema metropolitano, Maranguapinho já foi acionado, foram mais 200 litros, a reciclagem da água de lavagem dos filtros da ETA Gavião e da Cagece já está funcionando com 300 litros por segundo. Estamos obtendo mil litros por segundo de águas alternativas, usando novas formas de obter água”, exemplificou o secretário.
O presidente da Cagece, Neuri Freitas, lembrou que o sistema aplicado no açude Gavião é comum em outros municípios do Ceará, e comemorou o fato de a ETA estar dispondo deste mecanismo de prevenção à falta de água. “Esse tipo de procedimento é normal no Interior, pois sempre tem bombeamento de açude até a estação de tratamento. Aqui no Gavião era diferente, porque a água ia para estação de tratamento por gravidade. Com essa obra concluída, nós temos a opção de, no caso de uma necessidade, acionar. A esperança é que isso não aconteça. Que continuemos tendo bom nível no açude e que continue captando por gravidade. Entretanto, qualquer dificuldade que venhamos a ter futuramente, poderemos acionar e manter o abastecimento de água”, pontuou.
Consumo de água em Fortaleza e RMF
Na última quarta-feira (21), a Cagece e a Secretaria de Recursos Hídricos do Estado apresentaram balanço do consumo de água em Fortaleza e Região Metropolitana em 2016. Os dados mostram que, de janeiro a novembro deste ano, o consumo de água teve redução de 12,7% comparado com 2014.
O percentual significa um volume de 18 milhões de m³ a menos, o que seria suficiente para abastecer por dois meses a Capital.
A redução tem ligação direta com a implantação da tarifa de contingência, que visa a estabelecer meta de consumo aos cidadãos. Neste ano, cerca de 23,16% das faturas emitidas pela companhia em Fortaleza e RMF tiveram cobrança da tarifa de contingência. Em novembro, 277 mil clientes pagaram a tarifa por não conseguirem consumir dentro da meta estabelecida.
Desde que foi implantada a tarifa, a Cagece arrecadou cerca de R$ 64,5 milhões com o mecanismo. Deduzidos os tributos, o saldo arrecadado acumulado fica na ordem dos R$ 47 milhões. O arrecadado é utilizado na redução de perdas, seguindo determinação das agências reguladoras.
Sobre o abastecimento de água
No processo de abastecimento de água, a “água bruta” (sem tratamento) é captada dos mananciais (açudes, lagos, rios, nascentes e poços) por bombas e adutoras e levada até as chamadas Estações de Tratamento de Água (ETAs).
Nas ETAs, a água passa por um rigoroso processo para remoção de impurezas e tratamento (floculação, decantação e filtração). Quando limpa, a água recebe cloro para desinfecção e é encaminhada para estações de bombeamento, que bombeiam a água para os reservatórios de cada bairro, por meio dos quais chega às casas.
A Cagece trata toda a água distribuída aos cearenses e controla rigorosamente sua qualidade de acordo com as determinações do Ministério da Saúde. Tanto na capital quanto no interior, as análises são feitas a cada duas horas em laboratórios modernos de controle, localizados em cada uma de suas estações. Hoje, 151 municípios cearenses são atendidos pelos serviços da Cagece e 154 estações de tratamento estão implantadas em mananciais do Estado.
Com Governo do Estado
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