quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Ceará lidera ranking nacional de mortes por microcefalia

Os números deixam as autoridades de saúde em alerta ( Foto: Fabiane de Paula )
O Estado do Ceará já confirmou 150 casos de microcefalia entre outubro de 2015, quando as ocorrências passaram a ser notificadas aos órgãos de saúde pública, e outubro deste ano. Apesar da redução no informe de casos durante o segundo semestre, a gravidade da doença ainda preocupa: o Ceará se mantém, desde agosto, como 1º do Brasil em número de óbitos fetais e neonatais, com 25 ocorrências, de acordo com o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado na quarta-feira.

A unidade fica à frente de Estados que apresentam dados mais alarmantes quanto à notificação de casos, como Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Pernambuco. Este último, apesar de liderar as confirmações no País, com 399 ocorrências, registrou apenas nove óbitos. Atrás do Ceará, vêm Rio Grande do Norte, com 23 óbitos; Bahia, com 22 e Paraíba, com 18. A Região Nordeste concentra 121 (64%) dos 187 óbitos infantis relacionados à microcefalia, em todo o País.


Fortaleza

Das mortes ocorridas no Ceará, nove ocorreram em Fortaleza, duas em Canindé, duas em Russas e mais 12 em municípios diferentes. Outras 18 permanecem em investigação. Ao todo, 624 notificações suspeitas para detecção da microcefalia ou de outras alterações do sistema nervoso, sugestivos de infecção congênita, foram realizadas no Estado, também no período de um ano, e 140 delas permanecem em investigação.

Ainda segundo o Ministério da Saúde, 117 cidades cearenses fizeram pelo menos um registro da doença, embora ela só tenha sido comprovada em 54. Já o último boletim da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) informa que Fortaleza contabiliza 46 das 150 confirmações – quase 30% dos casos do Ceará –, seguida por Caucaia (9), Juazeiro do Norte (8), Crato (7) e Quixeramobim (6).

Controle

Apesar da liderança do Ceará no número de óbitos em relação ao País, a assessora técnica do Núcleo de Vigilância Epidemiológica do Estado, Pâmela Linhares, salienta que a investigação é uma das prioridades do órgão. “Observamos que alguns Estados ainda têm muitos casos em investigação; Pernambuco, por exemplo, tem o dobro do que nós temos atualmente. Estamos investigando bem mais rápido, na medida do possível”.

Segundo a assessora, a agilidade no diagnóstico é possibilitada através de parcerias com o Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen) e o Instituto Evandro Chagas (IEC), no Pará, especialistas na análise de arboviroses. Além disso, afirma que a notificação de suspeitas de microcefalia nas unidades de saúde do Ceará segue parâmetros do Ministério da Saúde e deve ocorrer cerca de 24 horas após o parto.

Questionada sobre uma possível subnotificação, Pâmela esclareceu que ela pode ocorrer, mas em poucos casos. “Até porque o Governo Federal está dando um benefício às famílias com crianças que têm microcefalia, e elas precisam do dinheiro para custear uma série de tratamentos”, completa. O benefício de prestação continuada paga R$880 por mês e já foi concedida a 132 famílias no Ceará, desde 2015, conforme o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).

Brasil

Em todo o País, 10.441 casos de microcefalia foram notificados pelas Secretarias Estaduais de Saúde; destes, 2.228 foram confirmados (1.711 no Nordeste) e 3.173 ainda estão sob investigação. Também foram informados à Pasta 536 óbitos com a microcefalia como provável causa; 236 estão sendo investigados.
   

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