Mesmo sem compatibilidade completa com o filho, Joana doou a medula em procedimento inédito no Ceará |
Quando descobriu que o filho precisaria de transplante de medula óssea, Joana Dark de Sousa, 40 anos, entendeu que a espera altera o tempo. Diagnosticado com leucemia há dois anos, Leonardo de Lima, 22, precisou se submeter a pelo menos duas sessões de quimioterapias, sem resultado. A saída para a cura seria encontrar doador totalmente compatível de medula, o que não ocorreu.
A espera só acabou quando os dois toparam participar de procedimento nunca antes realizado no Estado e passaram por transplante sem compatibilidade completa.
A cirurgia ocorreu ontem no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC). Leonardo deve ficar em observação pelos próximos 20 dias para saber se o corpo irá se adaptar à nova medula. Para os médicos, o procedimento significa a chance de ampliar as possibilidade de cura. Para Joana Dark, é a esperança de ter devolvida a vida do filho. “Quando estava no processo de doação das células, foi como se eu estivesse de novo na maternidade, em trabalho de parto. Para mim, é como se ele tivesse nascido de novo”, divide a mãe.
A irmã de Leonardo já havia feito testes para saber se poderia fazer a doação. Os resultados, porém, não foram animadores. No tipo mais comum de transplante, os irmãos são os parentes que têm maiores chances de compatibilidade.
A possibilidade de se tornar doadora para o filho reavivou as esperanças de Joana. “Eu vejo como oportunidade para outra vida”, acredita. E diz mais: “Deus foi generoso o suficiente para me dar a chance de ser mãe de novo”. Agora, a expectativa é pela recuperação de Leonardo para voltarem, juntos, para a casa em Canindé (a 120km de Fortaleza), de onde a doença os afastou.
Novos transplantes
O pós-transplante é a principal diferença entre esse procedimento e os já realizados normalmente. No caso de Leonardo, além dos medicamentos usuais, ele fará um tratamento imunológico. “Isso é uma alternativa fantástica. Sem esse tipo de tratamento, as perspectivas eram poucas”, anima-se o médico Fernando Barroso, chefe do setor de transplantes de medula do HUWC.
Ele atribui a realização desse novo procedimento ao “amadurecimento” da equipe na realização de outros transplantes. “Foi uma conquista para o Estado. Dá esperança para muitos pacientes que não tinham nenhuma”.
Saiba mais
Procedimento
A nova modalidade de transplante permite realizar a cirurgia com medulas doadas por parentes que sejam 50% compatíveis. Até então, os procedimento só eram realizados com 90% ou mais.
Chances
Transplantes do tipo (chamados haploidênticos) já foram realizados em estados como São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Rio de Janeiro. Segundo Fernando Barroso, a taxa de sucesso para esse tipo de procedimento é de 60%.
Rômulo Costa
romulocosta@opovo.com.br
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