Após cair por três meses seguidos, a inflação sobre a cesta básica de Fortaleza voltou a subir, em junho, ao registrar alta de 3,11%, tendo como principal vilão a disparada de 46,86% do feijão, que, após essa alta, acumula uma inflação de 97,05%, de janeiro a junho, e de 117,21% nos últimos 12 meses. O aumento da cesta acompanhou o comportamento observado em 26 das 27 capitais pesquisadas, no período, sendo a única exceção registrada em Manaus, cujo valor caiu 0,54%. As informações são da Pesquisa Nacional da Cesta Básica (PNCB), divulgada, ontem, pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese-CE).
Após o resultado de junho, o preço do conjunto dos 12 produtos que compõem a cesta básica de Fortaleza acumulou alta de 12,86% no primeiro semestre de 2016, encerrando o período com R$ 386,78, sendo o segundo valor mais alto da região Nordeste, atrás, apenas de Teresina-PI (R$ 395,69). Conforme a pesquisa, considerando o valor e, tomando como base o salário mínimo vigente no País (R$ 880,00) – correspondente a uma jornada mensal de trabalho de 220 horas –, o trabalhador teve que desprender 96 horas e 42 minutos de sua jornada de trabalho mensal para essa finalidade. O gasto com alimentação de uma família padrão (dois adultos e duas crianças) foi de R$ 1.160,34.
Comportamento
A pesquisa mostra que aumento no preço final do mês passado foi influenciado pela alta de oito itens, como é o caso do feijão (46,86%), manteiga (10,14%), leite (6,35%) e arroz (5,43%) – com maior intensidade –, seguido de pão (1,31%), café (1,15%), açúcar (1,06%) e banana (1,05%). No período, apenas quatro produtos sofreram redução, com destaque para carne (5,25%), óleo (3,27%), tomate (2,74%) e farinha (2,15%).
Na variação mensal, o custo do conjunto de alimentos básicos aumentou em 26 capitais do Brasil, sendo as maiores registradas por Florianópolis (10,13%), Goiânia (9,40%), Aracaju (9,25%) e Porto Velho (8,15%). Enquanto isso, por valores, o preço registrado no mês passado, em Fortaleza (R$ 386,78) ficou R$ 11,65 mais barato – já que, em maio, o valor era de R$ 375,13. Com isso, Fortaleza possui a 18ª cesta mais cara do País e a segunda mais elevada do Nordeste. Considerando a evolução acumulada nos seis primeiros meses do ano, a capital cearense (12,86%) aparece com a quinta maior inflação da região Nordeste – atrás de Aracaju (23,22%), Salvador (16,4%), Teresina (15,16%) e Maceió (13,48%) – e a décima maior do País.
Balanço
Entre os produtos, os que sofreram maior elevação nos preços de Fortaleza, no primeiro semestre, estão o feijão (97,05%); a manteiga (44,31%); a farinha (30,25%); e a banana (26,81%). Apenas dois itens apresentaram queda em seus preços: o tomate (4,65%); e a carne (4,47%). Considerando o movimento acumulado em 12 meses terminados em junho, as principais altas foram lideradas por feijão (117,21%), açúcar (57,14%), manteiga (54,85%) e farinha (47,65%). Apenas um produto sofreu redução no período analisado, como é o caso do tomate, com queda de 20,73%. Ao todo, o conjunto está mais caro do que em dezembro (R$ 342,72) e junho de 2015 (R$ 325,40).
Para o Dieese-CE, levando em consideração a determinação constitucional, que estabelece que o salário mínimo deva ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e sua família (quatro pessoas) – com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência –, e com base no total apurado para a cesta mais cara, a de São Paulo (R$ 469,02), o valor do salário mínimo necessário deveria ser de R$ 3.940,24, ou seja, 4,48 vezes o mínimo em vigor. Em maio, o mínimo necessário correspondeu a R$ 3.777,93, ou 4,29 vezes o piso vigente.
Metodologia
Desde janeiro, o Dieese passou a realizar o levantamento do preço do conjunto básico de bens alimentícios em todas as capitais brasileiras. Além das 18 cidades, a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos foi implantada em outras nove: Cuiabá (MT), Palmas (TO), Maceió (AL), São Luís (MA), Teresina (PI), Macapá (AP), Rio Branco (AC), Porto Velho (RO) e Boa Vista (RR). A implantação da cesta nas nove cidades foi feita em conjunto com a atualização da ponderação de locais de compra, com base na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2008/2009, realizada pelo – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), considerando as famílias com renda de um a três salários mínimos.
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