O que deveria ser um momento de diversão na praia do Futuro, em Fortaleza, se transformou em minutos de constrangimento para a estudante de Fisioterapia Luana Nobre, no fim da tarde desse domingo, 26. A universitária foi informada de que sua conta estava cancelada na Guarderia Brasil e diz que foi convidada a se retirar do local, após convidar um vendedor ambulante para sentar à mesa e comer um caranguejo.
“Eu estou humilhada, mas eu tenho certeza que aquele trabalhador está muito mais... Eu sinto vergonha de tudo que eu presenciei hoje, desabafou Luana em seu perfil no Facebook. A jovem, que estava acompanhada de mais duas amigas - uma delas grávida de quatro meses-, relata que conhecia o vendedor.
“O Odailson é conhecido por vender os sanduíches dele. Eu perguntei se ele queria um caranguejo que havia sobrado, ele aceitou e sentou com a gente. Depois o garçom veio e disse que ele não poderia comer aqui”, contou Luana. Insistindo na permanência do ambulante, a jovem disse que foi informada sobre o cancelamento da conta e que estava sendo convidada a se retirar do ambiente. Questionado pela estudante sobre quem decidiu pelo cancelamento, o garçom respondeu que a ordem foi dada pelo proprietário do "restaurante de praia", como o estabelecimento é definido em sua página oficial.
“O dono venho falar comigo, me chamou de arrogante. Disse que a barraca dele não estava ali para alimentar nenhum ambulante, e que ele estava ali para garantir a segurança dos clientes dele. A barraca estava se prevenindo de assaltos”, afirma Luana.
O empresário Erasmo Lens, sócio da Guarderia, reconhece que se excedeu no momento e atribui o nervosismo a um furto ocorrido na manhã do mesmo dia. O local é alvo de constantes assaltos, afirma. “A Praia do Futuro enfrenta esse problema de pessoas que se passam de ambulantes para roubarem. Eu fiquei muito nervoso. Me excedi. Mas depois fui lá e pedi e desculpas. Não dá pra saber quem está trabalhando e que está disfarçado para se aproveitar”, disse Lens.
Erasmo afirmou que não expulsou as clientes, mas que se precipitou com o cancelamento da conta. Ele disse que, ao conversar com a estudante, descobriu que ela conhecia o vendedor, e que ela é “uma menina bem intencionada e sem maldade”.
Luana, no entanto, assegura que não houve pedido de desculpas: “Se ele tivesse me chamado no canto e explicado, eu teria desculpado”. A jovem foi enfática ao dizer que o empresário deixou claro que ela estava sendo expulsa e que não aceitava ambulantes comendo na barraca. “Eu mandei fechar sua conta. Eu não aceito ambulante na minha praia. Isso eu n posso admitir. Eu tenho que assegurar a segurança dos clientes. Já pensou se todo se todo mundo tem essa sua consciência? Isso aqui ia virar uma Febem”, teria dito Erasmo, segundo Luana.
Próximos Passos
Luana disse que pretende procurar um advogado para tomar as providências jurídicas cabíveis, mas já adianta que não pretende mais voltar ao local: “Eles não merecem a minha presença e nem de ninguém. Eu estava com as minhas amigas. Uma delas está grávida e até se sentiu mal após a confusão”.
Repercussão
A universitária publicou um vídeo no Facebook, acompanhado de um texto, explicando o ocorrido na barraca. Luana contou que foi a primeira ação que pensou em tomar assim que chegou em casa. “Eu tinha acabado de chegar. Ainda estava nervosa quando gravei. Quando fui dormir, o vídeo tinha umas 50 visualizações. Quando acordei, hoje de manhã, já tinha mais de 15 mil”, contou a jovem, surpresa. Até o momento, o vídeo já soma mais de 3,1 mil curtidas e mais de 1,3 mil compartilhamentos.
Questionado sobre uma possível retratação, o empresário Erasmo Lens informou que o acontecimento foi um caso isolado, e que não pretende se pronunciar por meio de nota.
Procon
Procurada pela nossa reportagem, a diretora do Departamento Municipal de Proteção e Defesa dos Direitos do Consumidor - (Procon), Cláudia Santos, informou que o ocorrido não se caracteriza como uma falha na prestação de serviço, mas é cabível de reparação moral. Ela cita que este caso é diferente da situação em que consumidoras foram expulsas de uma barraca por comprarem coco de um vendedor ambulante. A barraca não poderia impedir o cliente de adquirir produtos de outra origem, uma vez que a praia é uma área pública.
Para denúncias, a diretora Procon sugere que os consumidores registrem em fotos e vídeos os abusos cometidos por estabelecimentos, pois funcionam como prova. “É complicado porque a gente recebe a denuncia e quando chega ao local, eles dizem que não aconteceu nada”, conclui Cláudia.
Serviço
Denúncia ou reclamação pelo direito do consumidor violado
Central de Atendimento pelo telefone 151 (em horário comercial)
Aplicativo Procon Fortaleza, com opção de envio de fotos e vídeos junto à denúncia
Denúncia virtual no site www.fortaleza.ce.gov/procon, no serviço Atendimento Virtual
Atendimento presencial:
Rua Major Facundo, 869, Centro.
Procon Vapt Vupt Messejana, ao lado do terminal de ônibus
Isaac de Oliveira
isaac@opovo.com
Isaac de Oliveira
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