quarta-feira, 11 de maio de 2016

Preso após elogio em voto, prefeito é afastado

Deputada Raquel Muniz (PSB) dedicou ao marido, prefeito afastado de Montes Claros, voto a favor do impeachment
Preso há mais de 20 dias, o prefeito de Montes Claros (MG), Ruy Muniz (PSB), foi afastado do cargo ontem pela Câmara Municipal. A decisão vale por 60 dias e foi tomada após o próprio Muniz pedir licença.

A prisão foi cumprida pela Polícia Federal em 18 de abril, um dia depois de sua mulher, a deputada Raquel Muniz (PSB), afirmar que o marido “mostra que o Brasil tem jeito” ao votar pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Dos 23 vereadores da cidade, 14 se manifestaram favoráveis ao afastamento do prefeito e 8, contra. O presidente da Casa não votou.

Em até dez dias, o vice-prefeito João Vicente de Medeiros (PMDB) deve assumir o posto interinamente. Ele foi procurado pela reportagem, mas em nota disse que “só dará entrevista após sua posse, que está sendo programada”.

Embora o prefeito afastado esteja no presídio regional de Montes Claros, ele chegou a despachar após a prisão, com nomeações e exonerações publicadas no “Diário Oficial”.

De acordo com as investigações da PF, Muniz é suspeito de inviabilizar a existência e o funcionamento de hospitais públicos e filantrópicos que atendem pelo SUS ao deixar de prestar serviços pela rede municipal. O objetivo, segundo a apuração, seria favorecer um hospital privado que pertenceria aos seus familiares e ao grupo 
econômico deles.

A operação foi nomeada “Máscara da Sanidade II - Sabotadores da Saúde” e também prendeu a então secretária de Saúde Ana Paula Nascimento.

Ambos foram denunciados pelo Ministério Público Federal por suspeita de falsidade ideológica, dispensa indevida de licitação, estelionato, prevaricação e peculato.

‘Brasil tem jeito’
No dia da votação do impeachment, a deputada Raquel Muniz disse em seu voto a favor da abertura de processo que tomava aquela decisão “para dizer que o Brasil tem jeito” e que “o prefeito de Montes Claros mostra isso para todos nós com sua gestão”. “É pelo norte de Minas, é por Montes Claros, é por Minas Gerais, é pelo Brasil”, afirmou.


Dois dias depois, ela afirmou nas redes sociais que “não há razão jurídica para a prisão preventiva” por não haver risco à ordem pública, perigo de fuga ou qualquer indício de obstrução da Justiça”. “Há, sim, razões de outras ordens, não republicanas, que justificam essa investigação”, afirmou.


Já a PF diz que a operação foi iniciada após a votação do impeachment porque houve um lapso do Tribunal Regional Federal, que publicou o mandado de prisão em seu site e o documento foi reproduzido pela imprensa local. (Folhapress)

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