sábado, 28 de maio de 2016

Combate ao tabagismo em todas as idades

Conscientizar o jovem sobre os malefícios causados pelo tabagismo - como fator de risco para doenças crônicas (pulmonares e cardiovasculares) e o câncer - não é tarefa fácil. Afinal, a resistência em cuidar da própria saúde é uma característica dessa fase da vida, quando os indivíduos tendem a ser mais aventureiros e ousados.

Tal conduta, mesmo que já venha sendo observada uma maior conscientização para o problema (ao contrário dos jovens do século XX), mostra que o vício no cigarro tem migrado para outro nicho, o da bebida alcoólica, que é igualmente danosa para a saúde.

Fumante assistido

As ações de controle do tabagismo têm sido particularmente eficazes junto ao adulto escolarizado, segundo informa a Dra. Penha Uchoa, coordenadora do Programa de Combate ao Tabagismo do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, referência no tratamento de doenças cardíacas e pulmonares.

Criado em 2002, o Programa já atendeu a três mil pacientes (50% obteve sucesso no tratamento) que buscam vencer o vício do tabagismo. Hoje, 67 participam do PCT, cujo paciente tem em média 47 anos, sendo 65% mulheres.

O sucesso terapêutico do tratamento é elevado, com taxa de abstinência tabágica de 48% em pelo menos um ano. Uma vez inscrito no PCT, o paciente passa por uma triagem médica para coleta de informações sobre o estado psicológico e a motivação para deixar o cigarro (e sua dependência da nicotina). Após a avaliação, o paciente passa a integrar o grupo de apoio, no qual é realizado o tratamento padrão (abordagem cognitivo-comportamental e terapia medicamentosa).

Marketing colorido

Embora o combate ao tabagismo já tenha computado muitos ganhos, tendo a regulamentação da Lei Antifumo como um importante divisor de águas, muito ainda precisa ser feito, como intensificar as ações no âmbito do atendimento básico.


Conseguir driblar o assédio adotado pela indústria tabaqueira para manter e/ou criar novos fumantes continua a ser um desafio. Dra. Penha Uchoa cita uma série de estratégias, a exemplo da introdução de essências na formulação do cigarro, de forma a torná-lo mais palatável e atrair fumantes cada vez mais jovens.

"As estratégias de marketing incluem também a apresentação de embalagens ('maços que parecem perfumes') muito coloridas e dispostas perto de doces e balas. Outra questão que nos preocupa são os artistas (que fumam em ambientes fechados/teatros) e que são figuras públicas vistos como multiplicadores dessa ideia", descreve.

Programação

O Dia Mundial sem Fumo será comemorado nos dias 30 e 31 deste mês. No bosque de eucaliptos do HM, das 8 às 10 horas, acontece a distribuição de 200 novas inscrições para o tratamento do fumante (com o som do teclado de João Venâncio, ex-fumante).

Também haverá a apresentação do Grupo Mugango, a comemoração pelos três anos sem fumo da Rainha da Quadrilha da Fumaça e a entrega de certificados de um ano de abstinência do cigarro.

Na sessão de Pneumologia (HM), acontece a apresentação oral no Congresso da Sociedade Respiratória da Europa de 2015 sobre os temas: eficácia da vareniclina entre fumantes de um Programa Público de Controle do Tabagismo; a discussão de casos, evento organizado pela equipe de Residência do HM e a Liga do Pulmão da Universidade Federal do Ceará (UFC).

FIQUE POR DENTRO

Excelência e precisão no diagnóstico

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), com um aumento de 2% ao ano de novos casos no mundo, o câncer de pulmão atinge todos os anos 28 mil homens e mulheres no Brasil. Histórico familiar e a exposição a agentes cancerígenos (ex: tabaco) figuram entre os fatores de risco que são mais determinantes para o surgimento de doenças.

Integram a população de risco tanto homens como mulheres com idade entre 54 e 74 anos que tenham fumado um maço de cigarros/dia por pelo menos 30 anos, e até mesmo aqueles que pararam de fumar há menos de 15 anos.

Como o de câncer de pulmão costuma apresentar sintomas quando já se encontra em estágio mais avançado, é preciso uma atenção especial. Isso porque, apesar de ser um tipo mais agressivo, é um câncer que pode ser curado se diagnosticado precocemente, a exemplo do que acontece com os que a atingem outros órgãos.

Com o objetivo de assegurar um diagnóstico precoce, o núcleo de doenças pulmonares e torácicas do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, reuniu uma equipe multidisciplinar (cirurgião torácico, pneumologista, radiologista e oncologista) para o rastreamento do câncer de pulmão.

A equipe dispõe de equipamentos de última geração, entre eles a tomografia computadorizada de baixa dose, para a obtenção de um diagnóstico mais preciso.

"Já foi demonstrado que, para pacientes que têm alto risco de ter câncer de pulmão, uma forma de detectá-lo de forma precoce é a realização da tomografia de tórax, uma vez que o raio-X não é suficiente para captar nódulos pequenos", afirma o Dr. Ricardo Terra, cirurgião de toráx do Núcleo de Doenças Pulmonares e Torácicas do Sírio-Libanês.

O especialista explica que, inicialmente, é realizada uma avaliação do paciente. Em seguida, ele é encaminhado para o exame de tomografia. O resultado desse exame é analisado, então, pela equipe médica junto com o paciente.

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