O processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff teve a admissibilidade aprovada na Câmara dos Deputados e já corre na Comissão Especial do Impeachment formada no Senado. Mas a votação do dia 17 de abril na Câmara Baixa ainda ecoa nos corredores da política cearense. Justo por um voto pró-impeachment inesperado, até mesmo para o ex-presidente Lula.
Adail Carneiro havia sido exonerado pelo governador Camilo Santana, esteve com Lula e prometeu posicionamento contrário ao processo até para Dilma. Não foi o que aconteceu. Supostamente pressionado pela direção nacional do Partido Progressista, cedeu. Mais que isso. Em troca do voto favorável, seria alçado ao comando político do PP no Ceará. Nesta quarta-feira (27), o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Zezinho Albuquerque (PDT), não poupou palavras para demonstrar a indignação do que chamou de “traição”.
“Acompanhei de perto. Estava em Brasília quando chega o deputado federal e diz para o governador Camilo: ‘Olha, eu tenho palavra, eu sou cidadão, não precisa estar me perguntando se vou votar a favor ou contra (o impeachment)’. Precisa disso? Não precisava. Era só chegar e dizer assim: ‘Olha, quero votar a favor do impeachment. Acho que a presidente Dilma não tá dando mais conta do recado’. Mais do que normal. Agora sair dizendo que vai votar e não vota“, disse Albuquerque.
O ponto alto da crítica do presidente da Assembleia se referiu a uma mudança no diretório do Partido Progressista no Ceará. “Não se pode de maneira alguma deixar que essas pessoas entrem na classe política, e as coisas não aconteçam, que não haja um sentimento dos deputados estaduais. De repente chega uma comissão provisória porque fulano pegou seu voto, votou a favor do impeachment, traindo todos os seus companheiros. A palavra é essa. Houve uma traição.”
Zezinho Albuquerque, acompanhado do também progressista Fernando Hugo, disse que vai lutar para evitar a destituição do atual diretório do partido, com claro repúdio ao comportamento do deputado federal Adail Carneiro. “Houve um erro muito grande de um parlamentar que era pra defender os interesses do Ceará, daqueles que votaram não. Ele se apropriou dessa procuração que foi dada pelo povo para colocar o Padre Zé (Linhares) numa situação muito difícil. Os deputados, os prefeitos que não podem sequer mudar de partido mais para as eleições. Nós não podemos dar abrigo a estas pessoas na política”, finalizou.
Por Evandro Nogueira
Por Evandro Nogueira
Ouça:
Nenhum comentário:
Postar um comentário