Deputados aliados da presidente Dilma Rousseff protocolaram nesta quinta-feira (14) na Câmara dos Deputados o pedido de criação de uma “frente parlamentar mista em defesa da democracia”. O documento tem o nome de 186 deputados e 32 senadores.
Apesar de ter sido divulgado como um indicativo de que o governo tem votos para barrar o impeachment (Dilma precisa de ao menos 172 votos, ausências ou abstenções), a lista traz o nome de alguns deputados dos oposicionistas DEM e PSDB, além de outros parlamentares que já declararam cristalino apoio ao impeachment, como Leonardo Quintão (PMDB-MG).
As assinaturas para a frente começaram a ser colhidas há cerca de três semanas. O texto fala, em sua justificativa, que a legitimidade do voto tem sido posta em xeque e que o Congresso tem o dever de zelar pela democracia.
A deputada Luciana Santos (PC do B-PE) afirma que há deputados favoráveis ao impeachment que não assinaram o documento.
“Ninguém vai ter número fechado agora, o que podemos garantir é que eles não terão os dois terços [342 votos] necessários [para o impeachment]. Falam em efeito manada, mas aqui não tem boi, não tem gado, isso é uma bobagem. Mesmo os partidos que anunciaram desembarque têm uma dissidência enorme”, disse Jandira Feghali (PC do B-RJ).
ARTICULAÇÃO DE LULA
Articulada diretamente pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva do quarto do hotel em que montou um QG anti-impeachment, em Brasília, o lançamento da frente em defesa da democracia tem o objetivo de comprometer deputados com o voto contrário ao impeachment no domingo (17).
Apesar disso, o ex-presidente admitiu com aliados que estiveram com ele que a atual situação do governo é difícil, principalmente pelo efeito manada gerado pelos recentes desembarques de partidos como PP e PSD. Tanto ele como o Palácio do Planalto entendem que, se houver vitória, será por uma margem apertada.
Segundo a Folha apurou, Lula disse a deputados do PT e do PC do B, envolvidos pessoalmente na construção do que chamam de frente pela democracia, que era necessário mais de 172 assinaturas para publicar o documento.
Caso contrário, era melhor deixar a ideia de lado. Isso porque 172 é o número de votos (ou abstenções) que o governo precisa ter no plenário da Câmara dos Deputados no domingo para barrar o impeachment de Dilma Rousseff.
Lula e os aliados acreditam que, dessa forma, os parlamentares se comprometem com o voto em favor ao governo, mas o ex-presidente ainda tem se mostrado preocupado com o placar apertado e diz que é necessário “trabalhar até o último minuto de domingo”, principalmente entre os deputados indecisos.
Os deputados do PCdoB têm se reunido frequentemente com Lula. A própria Luciana Santos esteve no hotel na quarta-feira. Nesta quinta, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) já conversou com Lula pela manhã.
Fonte: Folhapress
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