Um dia após a aprovação da admissibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara, a bancada do PT na Casa procurou rejeitar a hipótese de antecipação de eleições gerais.
Mesmo com a derrota de Dilma na votação deste domingo, 17, e reconhecimento de que o placar tornou a situação dela no Senado ainda mais difícil, a estratégia dos petistas é focar o discurso na defesa do mandato da presidente.
De acordo com parlamentares petistas ouvidos pela reportagem, defender novas eleições agora poderia passar a ideia de que o partido está reconhecendo antecipadamente a derrota no Senado e legitimando o “golpe” da oposição.
Segundo o líder do PT na Câmara, Afonso Florense (BA), a “hipótese” “não apareceu” no governo e no partido. “Hoje mesmo estive com ministro (Ricardo) Berzoini (Secretaria de Governo) e com a presidente Dilma e não vi isso”, disse.
“Para nós, ela não existe”, acrescentou Florense. Vice-líder do PT, o deputado Henrique Fontana (RS) foi na mesma linha. “Eleições gerais já têm data marcada: em 2018. Fora disso é golpe”, afirmou o parlamentar gaúcho.
A antecipação das eleições gerais chegou a ser defendida, nos bastidores, por alguns setores do governo e do PT como uma proposta de saída da crise política, para caso o impeachment da presidente Dilma tivesse sido rejeitado pela Câmara.
Para que se tornasse realidade, Dilma e o PT teriam de encampar a aprovação de uma Proposta de Emenda a Constituição (PEC) propondo essa antecipação. A medida, contudo, teria muita dificuldade para ser aprovada pela Câmara e pelo Senado.
A proposta é defendida por lideranças políticas relevantes, como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Nesta segunda-feira, 18, um grupo de seis senadores, entre eles, Cristovam Buarque (PDT-DF), também propôs uma PEC para antecipar eleições.
Grupo de trabalho
Como parte da estratégia de defesa do mandato de Dilma, a bancada do PT criou um “grupo de trabalho” de deputados para fazer articulação política junto aos senadores com o objetivo de barrar o impeachment.
Segundo Florense, que comandará o grupo, a ideia é que os deputados se juntem aos senadores para fazer o corpo a corpo em busca de votos para impedir a aprovação do impeachment no Senado.
Em outra linha, o PT decidiu investir em campanhas em defesa do mandato de Dilma com artistas, intelectuais e juristas. A terceira linha de atuação será tentar judicializar o processo em tudo que for possível.
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