quarta-feira, 27 de abril de 2016

Baiano diz que esteve ‘mais de dez vezes’ com Cunha, na casa e na Câmara

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O lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, afirmou em depoimento ao Conselho de Ética nesta terça-feira (26) que esteve pessoalmente com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), “mais de dez vezes”, incluindo em seu gabinete no Congresso, em sua casa, no Rio de Janeiro, e no escritório político no Rio.

Baiano foi ouvido como testemunha do processo de cassação de Cunha e confirmou os depoimentos de sua delação premiada. Afirmou que pediu ajuda de Cunha para cobrar a dívida de uma propina devida pelo lobista Julio Camargo e que entregou cerca de R$ 4 milhões em espécie no escritório do peemedebista no Rio.

A propina de Julio Camargo era por contratos obtidos junto à diretoria Internacional da Petrobras, com intermédio de Fernando Baiano.
O lobista relatou ter conhecido Cunha em 2009, por meio de um amigo em comum durante um café da manhã no Rio de Janeiro, e que se aproximaram após isso.

“A primeira vez que eu vim, que eu fiz essa aproximação com o deputado, eu fiz essa visita a ele no gabinete dele [na Câmara]”, contou.

Questionado sobre a casa de Cunha, o lobista descreveu como eram os encontros no local: “Você passou pela porta principal, tinha logo uma porta à esquerda que era o escritório dele. Todas as vezes a gente conversava nesse escritório. Não posso falar de toda a casa do deputado porque não tive acesso a todas as dependências”.

Sobre o fato específico analisado pelo Conselho de Ética, a acusação de que Cunha mentiu aos pares ao dizer não possuir contas no exterior, já que foram descobertas quatro contas bancárias ligadas a ele na Suíça, Baiano disse não ter informações.

“Relativo a esse assunto [as contas no exterior], não fiz nenhum pagamento. Foi sempre em espécie”, afirmou, ao ser questionado pelo relator do processo de cassação de Cunha, Marcos Rogério (DEM-RO).

A Folha de S.Paulo revelou em setembro do ano passado que a Câmara registrou nove visitas de Fernando Baiano entre 2005 e 2014, algumas delas dias antes de receber os pagamentos de Julio Camargo que seriam divididos com Eduardo Cunha.

Questionado sobre as visitas ao gabinete de Cunha no Congresso, ele respondeu: “Talvez duas, três vezes”.

Pelo relato de visitas à casa de Cunha, o deputado Julio Delgado (PSB-MG) afirmou que ficou configurada mais uma mentira do peemedebista no depoimento à CPI da Petrobras, porque Cunha havia dito que nunca recebeu Baiano em sua casa.

‘É PROPINA MESMO’

O lobista afirmou que, ao pedir ajuda de Cunha na cobrança da dívida de Julio Camargo, não especificou ao deputado que se tratava de propina.

“Eu falei que nunca tratei com o deputado Eduardo Cunha falando esse termo ‘propina’. Agora que é propina é. É vantagem indevida, é propina, é isso mesmo”, disse.

Durante o depoimento, Fernando Baiano chegou a pedir um aparte para comentar que a corrupção partia sempre dos políticos, e não dos empresários.

“Os pleitos sempre vinham dos políticos, utilizando os agentes públicos colocados por eles nas agências públicas. Não são os empresários os culpados do que está acontecendo”, afirmou.

A defesa de Cunha tem negado as acusações de Fernando Baiano. Afirma que ele não recebeu propina por contratos da Petrobras e que não ajudou na cobrança de Julio Camargo.

Fonte: Folhapress

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