sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Volume do Castanhão cai para 9,9% e vazão de água é reduzida

Os minutos de caminhada entre a parede do açude Castanhão e a água ainda armazenada refletem a gravidade da situação do maior reservatório do País. Ontem, ele chegou aos 9,9% da capacidade. Na quarta-feira, 24, quando ainda registrava 10% de volume, teve reduzida a vazão da água liberada: de sete para cinco metros cúbicos por segundo (m³/s). Foi a medida acordada para diminuir o prejuízo. Agora, a lâmina d’água perde um centímetro por dia para o consumo e a evaporação.

A vazão foi decidida em conjunto com os comitês das bacias hidrográficas, em janeiro, explica Fernando Pimentel, coordenador substituto do Complexo Castanhão e servidor do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). Enquanto o calor faz evaporar cerca de 4 milímetros diários, as outras perdas são dos múltiplos consumos. Além do abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), cidades do Médio e Baixo Jaguaribe e as atividades resistentes de agricultura e piscicultura no entorno se servem do açude. O volume médio dos açudes do Ceará é 12,6%.

Ter um dígito de volume era a realidade do Castanhão há 12 anos, quando a estrutura via chegar as primeiras águas e subia de nível a cada dia. Esteve com 9,85% em 29 de janeiro de 2004, segundo dados do Portal Hidrológico do Ceará. Inaugurado no ano anterior em Alto Santo, a 253 quilômetros da Capital, sangrou pela primeira vez quase um mês depois. Teve as 12 comportas abertas e liberou a vazão de 300 metros cúbicos por segundo.
O máximo de armazenamento foi com as chuvas de 2009, atingindo 97%. O mar em pleno sertão cearense consegue se espalhar por 36 mil hectares. Agora, a paisagem árida prevalece.

Por onde ainda se acham espelhos d’água, o sertanejo vai fazendo o que pode. Edvan Nascimento, 22, mora na Vila Pesqueira do Alto Santo e está sem emprego. Desde a retirada de pelo menos 700 toneladas de peixes do Castanhão e de um prejuízo de cerca de R$ 4 milhões para os produtores em junho do ano passado. Agora, precisa correr atrás dos R$ 1.100 que já não ganha todo mês como arraçoador no criatório. Consegue bicos limpando peixes. “Vou me virando. Tiro R$ 500 conseguindo trabalho duas a três vezes por semana”, diz.

Thaís Brito

ENVIADA A ALTO SANTO

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