Dia 9 de fevereiro próximo, o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará (CEP/UFC) irá discutir se autoriza no Estado a sequência dos testes da primeira vacina brasileira contra a dengue. O órgão é interdisciplinar - reúne de padre a jurista, filósofo e cidadão comum, além de pesquisadores de diversas áreas - e analisa estudos de medicamentos em humanos. A reunião do Comitê deverá dar o aval ao experimento. A tendência é que a pesquisa seja confirmada.
O projeto da vacina, coordenado pelo Instituto Butantan, de São Paulo, já passou pelo crivo do Comitê Nacional de Ética em Pesquisa e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O quadro epidêmico antecipou inclusive a análise dos testes. Quando aprovada no CEP-UFC, começa a fase 3 do trabalho no Ceará e, a partir de março, 1.200 voluntários locais se submetem ao experimento. No Brasil serão 17 mil voluntários. São Paulo já iniciou a fase 3.
Em Fortaleza, serão 400 crianças e 800 adultos, de 2 a 59 anos. Todos receberão dose única da vacina, subcutânea, e passarão a ser monitorados periodicamente pelos próximos cinco anos. O recrutamento só poderá ser iniciado após a decisão do Comitê. De cada três aplicações, duas serão com a vacina e uma com placebo. Pesquisadores e voluntários só saberão no andamento do estudo se foi aplicada a dose verdadeira ou a substância neutra.
Nas duas fases anteriores da pesquisa, o medicamento mostrou 90% de eficácia contra o vírus da dengue, segundo o vice-diretor do Butantan, Marcelo de Franco. Anulou o vírus e agora será testado em larga escala. Em 2015, a doença teve 1,6 milhão de casos notificados no Brasil e matou 863 pessoas. Mesmo a médio prazo, a vacina é a principal esperança para interromper o crescimento da doença.
Centros de pesquisa
Catorze centros de pesquisa no País, de 12 Estados, serão envolvidos no projeto da vacina contra a dengue. No Ceará, será o Núcleo de Medicina Tropical da UFC. A coordenação local será do infectologista Ivo Castelo Branco. Quarenta pessoas participarão do trabalho. O Núcleo já tem expertise em testes do tipo.
O Ceará teve cerca de 700 voluntários nos testes da vacina francesa contra a dengue, do laboratório Sanofi-Pasteur, autorizada no Brasil no fim de 2015. Mostra eficácia de 65% no combate ao vírus, considerada baixa aos padrões internacionais. “O problema é que têm pessoas morrendo por dengue. A vacina é uma tentativa de controlar a doença”, afirma Ivo Castelo Branco.
Fonte: OPOVO
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