A trinca vertical de baixo apresenta uma extensão de cerca de 3,5 metros, entre as cotas 91,65m e 95,0m, distante 3,5m da linha de soleira da 12ª comporta |
Iguatu. Uma rachadura em um dos pilares na 12ª comporta da Barragem Castanhão, observada por técnicos em setembro de 2014, finalmente deve ser recuperada no mês de março. A trinca despertou a atenção de engenheiros e diretores do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs), cujos relatórios demonstraram necessidade urgente de providências.
Além do Castanhão, outras barragens construídas e administradas pelo Dnocs também necessitam de obras de manutenção e reparos, pois apresentam problemas que se estendem por vários anos. Dentre elas, os açudes Tejuçuoca (na cidade de mesmo nome), Farias de Souza (Nova Russas) e Thomás Osterne (Crato).
O problema preocupa diante da proximidade da quadra chuvosa, com chance de aumento do nível de água no reservatório, que impossibilitaria a realização do serviço de recuperação, além da importância da barragem para o abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), Complexo Industrial do Pecém e perímetros irrigados no Vale do Jaguaribe.
O Castanhão é o maior açude do Ceará e tem capacidade de acumular 6,7 bi de m³. Relatório técnico da inspeção do vertedouro em setembro de 2014, por engenheiros do Grupo de Trabalho em Segurança de Barragem da Coordenadoria Estadual do Dnocs apontou a existência da fissura. A trinca vertical de baixo apresenta uma extensão de cerca de 3,5 metros, entre as cotas 91,65m e 95,0m, distante 3,5m da linha de soleira da 12ª comporta, situa-se a 8,5m da junta de dilatação na face de montante entre os blocos 12 e 13. A rachadura apresentou largura média de 8mm e profundidade de pelo menos 15cm.
As informações iniciais foram encaminhadas pelo coordenador geral do Complexo do Castanhão, José Ulisses de Souza, em setembro de 2014, solicitando à coordenadoria estadual do Dnocs a vinda de técnicos para verificação da rachadura.
Dois relatórios do Grupo de Trabalho em Segurança de Barragem foram encaminhados à Coordenadoria Estadual do Órgão. Os engenheiros apontaram a necessidade de estudo mais aprofundado e de intervenção urgente, para resguardar a integridade da barragem, aproveitando o baixo nível de água que o reservatório apresentava, uma condicionante que facilita o trabalho dos técnicos.
Na época, o engenheiro Álvaro Teles, do Grupo de Trabalho em Segurança de Barragem, em seu relatório inicial, evidenciou que o Castanhão está localizado em uma região sísmica e que a fissura apresentaria risco de dano potencial alto e solicitou que todos os esforços deveriam ser empenhados para solução do problema. Na manhã de ontem, Álvaro Teles disse que as providências necessárias estão sendo tomadas após estudo apresentado por três consultores. "O que falta agora é colocar em prática as sugestões do projeto", frisou. "O problema se estabilizou, não houve expansão da fissura".
O diretor de Infraestrutura do Dnocs, Glauco Mendes, confirmou a realização de um painel com a participação de três consultores e que a conclusão apresentada pelos engenheiros é de que não houve dano à estrutura. "Houve apenas dilatação de uma junta, sem comprometimento da estrutura", disse. "Será colocada uma calda de cimento com betume e o
serviço será feito no próximo mês de março".
Em relação a 2014, o nível da água no Castanhão caiu ainda mais, facilitando o trabalho dos técnicos. Segundo Mendes, serão investidos mais de R$ 100 mil na recuperação da pilastra. "No início, houve preocupação, mas os estudos mostraram que não houve comprometimento".
O Dnocs administra 328 reservatórios no Nordeste e admite que alguns apresentam problemas que exigem intervenções.
Diário do Nordeste
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