O estudante Vitor Melo Rebelo ao lado dos pais, o promotor Luiz Gonzaga Rebelo Filho e a dona de casa Andreia Melo Rebelo Foto:Divulgação / Instituto Dom Barreto |
Aos 18 anos, o piauiense Vitor Melo Rebelo acertou todas as 45 questões da prova de matemática do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e, claro, esperava tirar nota 1.000 na disciplina. Mas ao abrir o portal do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) nesta sexta-feira (8), levou um susto: a nota que lá aparecia era de 1.008,3.
"Não sabia que podia ser mais de mil. Fiquei surpreso, achei que o site estava com algum problema, que era um erro", contou o tímido jovem, que teve nota final de 848,7 no Enem e espera ingressar em uma vaga de medicina na UFPI (Universidade Federal do Piauí).
A nota maior que mil foi possível porque o Enem utiliza uma metodologia chamada TRI (Teoria de Resposta ao Item), que leva em conta não apenas o número de acertos do candidato, mas o nível de dificuldade de cada item.
Outros estudantes, como o paulista Mathias Dunker, também alcançaram a nota máxima.
"Achava que ia ter uma nota boa. Quando me certifiquei da nota, não achei essa coisa extraordinária. Todo ano alguém tira nota máxima em matemática e não tinha essa coisa toda. Acho que impressionou a todos porque foi maior que mil", disse.
Nem tantos estudos assim
Filho do promotor Luiz Gonzaga Rebelo Filho e da dona de casa Andreia Melo Rebelo, Vitor se formou no ensino médio em 2014, no Instituto Dom Barreto, de Teresina -- escola que sempre está na lista de melhores notas no Enem do país.
Ao deixar o ensino médio no final de 2014, tentou ingressar no ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica). Ao não ser aprovado, desistiu da ideia. "Mudei de ideia, resolvi ficar aqui e fazer medicina", disse.
Sem mais aulas do ensino médio, Vitor continuou indo à escola. "Ia todo dia como ouvinte e continuei pegando os materiais. Ia para sala de estudos e estudava sozinho também", contou.
O segredo da nota recorde, diz, foi focar mais nas provas passadas. "Na primeira vez, em 2014, foquei na prova do ITA. No Enem 2014 tirei 760 e pouco, Mas em 2015 fiz todas as edições do Enem, não estudei muito conteúdo. Respondi muitas provas".
A mãe de Vitor diz que o filho nunca foi o mais estudioso na família, mas destaca a disciplina e a facilidade dele com a disciplina. "Ele sempre foi disciplinado com o horário, mas nunca virou noites. Estudava seis, oito horas por dia. Sempre tinha horário para dormir, lanchar, ir ao cinema com a namorada. Tenho uma filha que faz medicina, e ela, sim, vira noite estudando", contou.
Segundo Marcela Rangel, diretora pedagógica do Instituto, Vitor tem um histórico de "dedicação e superação". Ele sempre participou com êxito de olimpíadas nas mais diversas áreas, obtendo aprovação em diversos vestibulares para engenharia e para medicina. Estamos muito orgulhosos! Este é um trabalho coletivo", afirmou.
O professor de matemática Afonso Norberto da Silva, que também é coordenador do IDB, atribui o resultado de Vitor no Enem à toda vida escolar do aluno na escola.
"Este é resultado de toda vida escolar, de ser aluno dedicado e concentrado. Porque, geralmente, a maioria que faz o Enem se atrapalha um pouco pois o dia de matemática tem linguagem, com questões de quase uma página, além da redação", observa o professor.
O professor avalia que Vitor sempre foi destaque em sala de aula por ser um aluno que "questiona e aprende".
"Vitor sempre foi um aluno destaque porque não é de decorar. Ele é um aluno que questiona e aprende, esse é o diferencial para um bom desempenho. Ele sempre tirou nota máxima nos 'logs', que são nossas provas mensais", destaca Silva.
O professor observa que o estudante deve fazer a diferença na nota geral do exame porque o desempenho dos candidatos em matemática nunca é tão satisfatório como ocorreu com o jovem.
"A prova é diferencial pelo baixo desempenho nacional que atinge os demais candidatos todos os anos. Quem acerta 45 questões em matemática tem desempenho melhor porque é comum ter melhor nota em linguagem ou ciências na natureza. Não que as demais não tenham importância, mas é pela diferença da maioria", explica Silva.
Aliny Gama e Carlos Madeiro
Colaboração para o UOL, em Maceió
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