O ex-governador do Ceará e ex-ministro Ciro Gomes foi o convidado do programa “Mariana Godoy Entrevista” dessa sexta-feira (04/12) na RedeTV. O político fez duras críticas ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e ao vice-presidente do Brasil Michel Temer, a quem classificou como “capitão do golpe” contra a presidente Dilma Rousseff.
Ciro disse que não pensa em lançar uma candidatura pelo estado de São Paulo. “Os paulistas têm bons representantes para isso”, afirmou. “Minha vida partidária é uma tragédia”, afirmou Ciro ao comentar suas filiações a sete partidos diferentes. “Se eu mudei de partido, eu nunca respondi a um inquérito sequer”, defendeu-se.
“Ele jamais poderia ter sido eleito”, disse Ciro Gomes sobre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Ciro contou que já havia denunciado Cunha antes, o chamando de “ladrão” na Câmara, e foi processado por isso e, posteriormente, absolvido. “E quero lembrar uma coisa: ele chamou como testemunha dele o Michel Temer”, disse o ex-ministro.
Ciro Gomes disse que o povo tem “que fazer o esforço de separar o joio do trigo” quando falou a respeito da ‘má fama’ da política no cenário atual. “Democracia é um regime de conquista, de cidadania, você não pode ser leviano, tem que fazer um esforço na hora de votar”, afirmou.
Ciro disse que um impeachment pode “enfraquecer ou fortalecer um país” e citou o exemplo da saída do ex-presidente Fernando Collor como uma situação positiva que o impeachment trouxe. Entretanto, classificou o atual pedido como “um golpe puro e simples”. Ciro Gomes classificou Eduardo Cunha como “ladrão” e categorizou a decisão de instalar o processo de impeachment como “política”. “O governo errou, pois ‘bailou’ com esse cidadão [Eduardo Cunha] que não deveria ter bailado”, definiu.
O ex-governador disse que acredita que Dilma Rousseff é uma pessoa “honrada” e afirmou que “impeachment não é remédio para um governo ruim”. “Ele [Cunha] viu nessa possibilidade de derrubar a Dilma a chance de salvar o mandato dele”. “Se não fosse a tragédia, eu diria ‘bem feito’. Cansei de dizer pro Lula, pra Dilma, pros meus companheiros, que não é responsável colocar o PMDB na linha de sucessão”. Ciro garantiu que Michel Temer seria “o capitão do golpe” e que Temer não será presidente: “Se ele assumir, no primeiro dia quem vai entrar com pedido de impeachment sou eu”.
Ciro Gomes disse que Helio Bicudo e Miguel Reale, juristas que protocolaram o pedido de impeachment, não podem ser chamados de juristas: “Bicudo não está no seu melhor momento e Reale foi ex-ministro de Fernando Henrique”.
Sobre a fala de Eduardo Cunha no mesmo programa, “Mariana Godoy Entrevista” em maio, quando se disse contra o impeachment e que “o Brasil não é uma ‘republiqueta'”, Ciro disse: “Acredito que o Judiciário vai mandar este senhor para a cadeia. Temos que esperar. Só para provar que o Brasil não é uma ‘republiqueta'”.
Ciro Gomes fez profecia se Dilma sair do poder: “Haverá 20 anos de recessão” e citou o exemplo da Venezuela, que depôs um presidente e se vê hoje em um momento péssimo político, econômico e social.
Perguntado sobre o que Dilma deve fazer para “dar a volta por cima”, Ciro disse: “Manda ela tomar um conjunto de providências comprometidas com o futuro do país, que ela vai ver se não arruma um monte de empresários para ajudar”. O político disse que a presidente está cercada de “inimigos”
e com uma “equipe péssima”.
Ciro aproveitou para analisar a situação do ex-presidente Lula: “Não sei o que tá acontecendo com o Lula, ele não se poupa”. “O Lula tá cometendo um gravíssimo erro que é essa tutela em cima da Dilma”, analisou.
O ex-ministro disse que a “maquiagem” das contas do governo não poderia ser classificada como um crime de responsabilidade fiscal, pois não existem procedentes para esse tipo de caso.
“Ninguém tem ideia do que é desumano ser candidato a presidente do Brasil não sendo ‘mainstream”, disse o político, reafirmando que não tem intenções de se candidatar ao cargo novamente.
“E de repente eu virei o novo Collor, porque eu comecei a falar coisas. Porque você fala da economia do país (…) Mas hoje, o grande gasto ‘fora da curva’ é juro para bancos. Infelizmente eles dão as cartas no país”.
Questionado novamente pela jornalista Mariana Godoy se não pretende realmente voltar para a vida política, Ciro disse: “Eu não pretendo ser, mas acho que vou sim”.
Com informações da RedeTV
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