O Ceará já contabiliza 41 casos suspeitos de microcefalia relacionada ao vírus da zika durante 2015, conforme boletim epidemiológico divulgado na noite de ontem pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Desse número, apenas uma ocorrência foi confirmada até agora, que resultou no óbito de uma criança em Tejuçuoca. O boletim anterior, do dia 30 de novembro, dava conta de 25 notificações da anomalia.
Os 41 casos foram registrados em 20 municípios espalhados em diversas regiões cearenses. Desses, 13 estão entre as localidades com incidências de dengue mais preocupantes, também de acordo com a Sesa. A dengue e o zika vírus dividem o mesmo mosquito transmissor, o Aedes aegypti.
O único caso confirmado, em Tejuçuoca, já havia sido divulgado pelo Ministério da Saúde no dia 28 de novembro, após exames em um bebê com microcefalia e outras malformações congênitas. Segundo o órgão federal, foi identificada a presença do vírus zika em amostras de sangue e tecidos da recém-nascida, que veio a óbito. O Ministério apontou ainda, em análise inicial, que o risco de infecção do feto está associado aos três primeiros meses de gravidez.
Conforme a Sesa, 38 dos casos de microcefalia relacionada ao zika vírus foram notificados em recém-nascidos, enquanto três foram percebidos de forma intrauterina.
Brasil
O óbito confirmado no Ceará foi um dos sete até agora colocados sob suspeita de responsabilidade do zika vírus no Brasil.
Até o dia 28 de novembro, o País enumerava 1.248 ocorrências da anomalia relacionadas ao vírus zika, em 14 estados. Entre eles, além dos já citados, estão Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Alagoas, Bahia, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Tocantins e Rio de Janeiro.
Por conta da alta incidência anômala de casos de microcefalia, o Governo Federal declarou estado de emergência em saúde pública. Nos cinco anos anteriores, a média de casos da anomalia em todo o País foi de 156 casos. Com a confirmação da relação entre o desenvolvimento da microcefalia com a infecção pelo zika vírus, a principal recomendação é intensificar ainda mais o combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor não só apenas do zika vírus, como da dengue e da febre chikungunya.
Além das medidas já amplamente divulgadas, no sentido de evitar o acúmulo de água parada, local onde o inseto deposita seus ovos, recomenda-se às gestantes o uso de repelentes.
"Evita-se medicamentos, principalmente nos primeiros meses de da gestação. Mas existem repelentes à base de citronela, por exemplo, que possuem composição mais próxima ao natural. Contudo, o risco de exposição ao zika vírus é maior que ao de um repelente. Então, nesse momento, vale mais a pena se proteger do mosquito", afirma o obstetra, especialista em Reprodução e doutor em Ciências Médicas, Marcelo Cavalcante.
Proteção
Os repelentes costumam evaporar após o contato com a pele, formando uma camada de quatro centímetros que repele o
mosquito. Outros produtos, como filtros solares, maquiagens e hidratantes, devem ser aplicados antes do repelente, que
também não deve ser borrifado próximo a nariz, olhos e boca. O protetor contra insetos também deve ser colocado apenas em locais expostos ao ambiente e por cima das roupas.
Outros causadores da microcefalia incluem infecções por outros agentes, como os da rubéola, neurotoxoplasmose e o citomegalovírus. Há ainda relação com o consumo de drogas, como álcool e cocaína. Além disso, exposição à radiação durante a gravidez e alterações genéticas também aparecem como facilitadores da macrocefalia.
Fique por dentro
Rara, anomalia causa problemas psicomotores A microcefalia é um problema raro que acomete o desenvolvimento da caixa craniana do feto. Ela é geralmente notificada quando o diâmetro da cabeça do recém-nascido, nascido de nove meses, é igual ou menor que 33 centímetros.
Não existem tratamentos definitivos para que as cabeças das crianças possam adequar-se a um tamanho normal. No
entanto, existem opções de assistências, com acompanhamento terapêutico, que podem diminuir os impactos associados
à deformidade. Aquelas crianças que nascem com microcefalia, geralmente, apresentam problemas no desenvolvimento psicomotor.
O período de formação do problema, em geral, se dá entre as dez e dezoito semanas de gravidez. Portanto, seguir cumprindo com todos os exames de pré-natal pode ajudar a reduzir os riscos de desenvolvimento da anomalia.
por Ranniery Melo - Repórter
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