terça-feira, 3 de novembro de 2015

Sardanha: A lenda do menino animal

Uma figura que faz parte da historia do Vale do Jaguaribe, principalmente pela curiosidade que desperta por seu comportamento, o seu comportamento contraditório ao comportamento humano, faz surgir vários relatos ao seu respeito, uns verdadeiros, outros pura invenção.
Francisco Xavier Limeira ou simplesmente Sardanha, apelido deste morador de Jaguaruana, no interior do Ceará  que é revelado em forma de cordel, fruto de um trabalho coletivo de Xavier Lázaro(autor), Dorinha e Wellington Lima (Dodó) colaboradores. confira!

Narro aqui neste cordel
Por meio da inspiração
Contando-lhes uma história
De uma grande extensão
Tem a natureza estranha
Vou falar sobre Sardanha
Com objetivo e ação.

Narrarei sobre uma lenda
Diferente das demais
Não se trata de um mito
Se trata de um rapaz
Que vive hoje entre a gente
De um modo diferente
Dos seres racionais.

Dezessete de setembro
Do ano sessenta e três
Nasceu um belo menino
De jeito estranho, talvez
Só depois de algum tempo
O seu pai fica atento
Inconformado de vez

No bairro do Tabuleiro
Sardanha tem moradia
Mas os seus pais ja morreram
Deixando-o sem alegria
E ficou o seu irmão
Para lhe dar atenção
Formando grande harmonia

Quando Sardanha nasceu
Parecia ser perfeito
Mas, logo em pouco tempo
Agia de outro jeito
Com outro comportamento
Via-se a todo o momento
Um comportar imperfeito.

Com forte modo de índio
Sardanha foi se formando
Andando quase que nu
Carne crua, procurando
Com um ano começava
Com cobras até brincava
Ali foi continuando.

Sardanha com nove anos
Andava nu pela rua
Comendo o que encontrava
Conforme a vontade sua
Comia abelha, besouro
De caças tirava o couro
Pra comer a carne crua.

Sardanha ainda criança
Dormia muito ao relento
Enfrentando a frieza
Quase que sem alimento
O vento forte soprava
Porém Deus o confortava
Naquele triste momento

Respeitando seu instinto
Ele fazia questão
De pegar seu alimento
E despejar sobre o chão
Depois sentar bem juntinho
Com muito jeito e carinho
Comia tudo com as mãos.

Era muito comovente
Aquela forma de ser
Ele pegava as cobras
Sem uma sequer morder
Depois matava e comia
Sem pensar no que podia
Vir depois, acontecer.

Sardanha come de tudo
Que seja podre ou cru
Come qualquer animal
Do besouro ao boi zebu
Já vi ele almoçando
Um animal se estragando
Junto com um urubu.

A vasilha do alimento
Uma lata enferrujada
A calça que ele usa
Deve ser toda rasgada
Um saco velho ele traz
Pra colocar animais
Que encontra na estrada.

E o tempo foi passando
Sardanha, pois a mudar
Já não procura mais cobras
E roupa já quer usar
hoje anda mais calado
Mais tranquilo recatado
Faltando força pra andar.

Ele quando era novo
Vivia perambulando
Passava mais de um ano
Fora de casa zanzando
A família se alegrava
E todos se contentavam
Ao ver Sardanha voltando.

A família dava apoio
Incentivavam o melhor
Ele sem entender nada
Achava que era pior
Xingava pai e irmão
Naquela ocasião
Preferia ficar só.

Hoje em dia ele recebe
Mais apoio e cuidado
Levaram-lhe à capital
Pra ver se fica curado
Sem haver reparação
Prefere o pé no chão
Do que viver arrumado.

Muitos anos se passaram
Sardanha vive entre nós
E é querido por todos
De jovens ate vovós
Ele gosta de respeito
Por favor tratem com jeito
É humano igual a nós.

Aqui se chega o fim
Desta História real
O certo é que ele merece
Um tratar especial
Se você o encontrar
Não queira desrespeitar
Ele é fenomenal

Xará de minha pessoa
Amigo bem popular
Vivendo assim desta forma
Isto ninguém vai mudar
Espero que todos tenham
Respeito pra lhe dar.

Francisco Xavier Limeira (Sardanha)
Filho de Francisco Limeira da Silva
E Maria Barbosa de Lima.

Autor: Xavier Lázaro
Colaboração: Dorinha / Wellington Lima (Dodó)

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