
Há dois anos, na esteira do programa Mais Médicos, o governo federal passou a indicar os municípios em que poderiam ser abertas novas vagas de medicina. A partir dessa lista, coube ao MEC, então, selecionar as melhores propostas de faculdades particulares interessadas na disputa.
Essa seleção, entretanto, motivou questionamentos na Justiça e recursos ao TCU, que decidiu paralisar o processo até análise final do plenário. O caso é relatado pela ministra Ana Arraes. O órgão de controle pode anular o processo.
Inicialmente previsto para junho, o resultado final da seleção ainda não foi confirmado. O principal motivo do conflito é a exigência, prevista no edital, de “capacidade econômicofinanceira” das mantenedoras.
As escolas argumentam que o documento não explicitou a forma como esse critério seria avaliado, nem indicou que a tarefa caberia à FGV Projetos, contratada pelo ministério. “A FGV estabeleceu nota de 1 a 10 e disse: ‘abaixo da nota 6, não tem condições de abrir [curso de medicina]’. Isso deveria estar no edital, e não estava”, reconheceu o ministro Aloizio Mercadante (Educação) em audiência na Câmara dos Deputados.
Para a ministra responsável pelo tema no TCU, os procedimentos adotados “descumpriram princípios basilares” da Lei de Licitações. “Admitir a publicidade posterior dos critérios de classificação propiciaria ao gestor malintencionado escolher a vencedora que lhe aprouvesse”, disse a ministra Ana Arraes em despacho.
Ao todo, o edital motivou sete ações na Justiça. “Fomos desclassificados na primeira fase sem saber o porquê. E esse modelo de avaliação [da saúde financeira] não é aplicável a instituições sem fins lucrativos”, argumenta Antonio da Motta, representante da Unece (União de Educação e Cultura), mantenedora que recorreu ao TCU.
Segundo o MEC, a metodologia adotada pela FGV é “adequada aos termos do edital”. A pasta chegou à pedir ao TCU que o processo fosse retomado, “diante de graves prejuízos para o Programa Mais Médicos”, mas não obteve sucesso. O MEC destacou ainda que encaminhou seus argumentos diante da “decisão cautelar” do tribunal, tomada no mês passado. “O MEC já adotou todos os procedimentos cabíveis para a revisão da medida cautelar determinada pelo TCU, prestando as informações pertinentes à ministra Ana Arraes. No momento, o ministério aguarda a decisão do Tribunal para anunciar a nova data de divulgação dos resultados”, informou em nota. Entre as metas do programa federal, está a criação de 11,5 mil novas vagas de medicina até 2017.
Com Uol.
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