A presidente Dilma Rousseff (PT) anunciou ontem a reforma ministerial e deixou uma mensagem clara: precisa da fidelidade da base aliada no Congresso para tirar o País da crise. Ao PMDB, deu mais poderes no Palácio do Planalto, aumentando para sete o número de pastas comandadas pelo partido. Para tentar reforçar a ideia de novos rumos no governo, cortou ainda 10% do próprio salário e dos ministros.
Em uma última cartada, a presidente busca garantir a governabilidade para aprovar as medidas do ajuste fiscal (com manutenção dos vetos), aprovação da nova CPMF e evitar a abertura de um processo de impeachment organizado pela oposição contra ela.
Reforçando a teoria do governo de coalizão, a petista afirmou que a troca de titulares do primeiro escalão é uma ação “legítima”. Pragmática, foi clara em seu anúncio: “Trata-se de articulação política para construir um ambiente de diálogo, um ambiente de coesão parlamentar. Trata-se de articulação política que respeite os partidos que fizeram parte de uma coalizão que me elegeu e que tem direito e dever de governar comigo”.
Havia uma insatisfação de peemedebistas, mesmo com seis ministérios, em relação à representatividade dos ministros na Câmara. O impasse rendeu diversas derrotas do governo na Casa desde o início do ano. Para a reforma, a presidente precisou ampliar o espaço do partido e agradar peemedebistas da Câmara, do Senado e próximos ao vice-presidente Michel Temer.
Durante o processo de reformulação da base, a presidente acenou até para partidos que já deixaram o governo, como o PSB, e conseguiu trazer de volta o PDT, que já havia anunciado independência. O deputado André Figueiredo (PDT-CE), líder do partido na Câmara, acabou se tornando ministro das Comunicações.Dilma anunciou também medidas de contenção de despesas, como a redução do próprio salário e de ministros, além da extinção de 3 mil cargos de confiança e 30 secretarias ligadas a ministérios.
“Recomeço”
O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT) classificou a reforma como “recomeço”. Ele afirmou que o “presidencialismo de coalização não tem governabilidade sem maioria”.
Um dos principais articuladores na reforma, o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), disse que “o partido sai extremamente contemplado dessa reforma e com a grande responsabilidade, mantida ao longo da história do país, de ser ponto de equilíbrio da governabilidade”. Para o o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a reforma indica um novo momento e que a crise está em fase de superação.
Wagner Mendes
wagnermendes@opovo.com.br
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