domingo, 2 de agosto de 2015

Três cidades do Ceará não registraram homicídios em quatro anos

Potiretama tem pouco mais de 6 mil habitantes e não registrou homicídio em quatro anos (FOTO: Divulgação)
Potiretama tem pouco mais de 6 mil habitantes e não registrou homicídio em quatro anos (FOTO: Divulgação)
Somente 3,2% dos cearenses podem dizer que vivem em um município onde assassinatos não são uma preocupação. São 28.109 pessoas estabelecidas em cidades que não registraram nenhuma morte do tipo entre 2008 e 2012, de acordo com o Mapa da Violência 2014.

Os municípios ‘onde reina a paz’ são: Alcântaras, Palhano e Potiretama. Alcântaras, a 285 quilômetros de Fortaleza, possui uma população de 10.956 habitantes.

De acordo com o comandante do destacamento da Polícia Militar do município, sargento Francisco Lindonjohnson Vasconcelos, o efetivo é de apenas nove policiais, em revezamento. “Realizamos muitas abordagens, principalmente de veículos com placas que não são da cidade. Mas aqui muito tranquilo. É uma cidade com muitas famílias, o povo é bem pacato e ainda acredita no trabalho policial”, conta.

O comandante, que atua há dois anos na cidade, nunca presenciou um homicídio no local. “Há mais de 10 anos não acontece um assassinato. De vez em quando têm uns roubos, mas é mais na área rural. No Festival de Quadrilha, por exemplo, as pessoas não dão um empurrão sequer”, brinca. Segundo o sargento, de janeiro a julho deste ano foi apreendida apenas uma arma de fogo no município.

Os moradores também comemoram a segurança na cidade, como é o caso do comerciante Betinho, dono de uma loja de material de construção – situada no Centro de Alcântaras. “A cidade é pacata demais. Essa violência toda ainda não chegou aqui. A droga, infelizmente, está começando a aparecer, mas as pessoas usam mais por vício, não é pra fazer o que não presta não”, diz.

‘Todo mundo se conhece’

O mesmo acontece em Potiretama, a 280 km de Fortaleza, cuja população é estimada em 6.181 pessoas. O efetivo policial é de seis homens; em breve, de acordo com o destacamento, chegarão mais três para preencher o quadro. Segundo um policial da Delegacia, que não quis se identificar, de 2008 a 2014, foi registrado um homicídio, em fevereiro de 2013. O crime é tão incomum na cidade, que é possível relatar todos os detalhes. “O último que aconteceu foi em fevereiro. Um rapaz que vinha em uma motocicleta matou um que vinha no caminhão, perto da divisa, há uns 8 quilômetros”, relembra.

O segredo é a prevenção. O trabalho baseia-se em abordagens. Se aparece alguém de fora, a polícia fica em alerta. “Todo mundo conhece todo mundo. Você entra numa rua, sai pela outra e já conheceu a cidade toda. Então se vem alguém de fora, as pessoas ligam pra gente”.
Por Roberta Tavares

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