Brasileiros fazem a festa no pódio após a premiação (Foto: Getty Images) |
Eles estavam engasgados. Algozes da seleção brasileira masculina de handebol nas três últimas finais que disputaram, os argentinos entraram com certo favoritismo, mas acabaram tendo que voltar para Buenos Aires com a prata. Atuais campeões pan-americanos, os hermanos deixaram o Brasil de fora dos Jogos Olímpicos de Londres ao vencerem a decisão em Guadalajara 2011. O troco veio neste sábado na decisão do Pan de Toronto, com atuação decisiva do goleiro Maik e com direito a prorrogação. Em quadra, as recentes derrotas para os rivais não apenas motivaram a seleção, mas criaram uma atmosfera diferente para o duelo vencido pela seleção por 29 a 27. Mesmo com os dois times garantidos nas Olimpíadas do Rio, no ano que vem, a catimba e a rivalidade estiveram presentes em cada disputa de bola que trouxe de volta a hegemonia da competição para o Brasil.
- Precisava fazer meu melhor, ser intenso para sair com a medalha de ouro. Vivi cada momento dentro do gol, isso é importante. Desfrutar de cada defesa, cada lance. Era uma luta. E sabíamos que nessas lutas íamos somando e no final poderíamos ter um placar vitorioso - disse Maik.
A campanha brasileira em Toronto foi irretocável. O Brasil venceu Porto Rico na estreia por 34 a 17, depois bateu o Uruguai por 38 a 18. Fechando a primeira fase, o triunfo foi diante da República Dominicana por 48 a 18. Nas semifinais, o Chile não foi páreo para a seleção e acabou derrotada por 34 a 24. A seleção brasileira agora mira agora os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, no ano que vem. O time já disputou o Mundial este ano, em janeiro, no Catar, e caiu nas oitavas de final para a Croácia por apenas um gol.
- Brasil e Argentina é sempre assim, sempre tem rivalidade, emoção. Conseguimos ter calma nas horas certas. Quando estávamos mal contornamos. É fruto do treinamento e trabalho do nosso técnico que acreditamos muito. Ele é o principal nome da vitória - comentou Teixeira.
EQUILÍBRIO NO PRIMEIRO TEMPO
A Argentina até que saiu na frente, com gol de Pizarro, mas a arbitragem invalidou o gol. O primeiro a valer foi do Brasil, com Thiagus no contra-ataque.Com quatro minutos de duelo, a seleção tinha 3 a 1 com dois gols de Diogo de tiros de sete metros. A Argentina tinha dificuldade em furar a defesa brasileira, e Diogo de novo fez 4 a 1. Lá atrás, Maik salvava bolas impressionantes no gol. Carou, em bonita jogada aos dez minutos, diminuiu para os hermanos. Com 16 minutos disputados, o placar ainda era de 4 a 3 para o Brasil, com boa presença dos dois goleiros.
Depois de bons minutos sem um gol, a seleção acertou uma jogada de ataque e marcou gol Alemão por cobertura. A Argentina descontou com Vieyra: 5 a 4 para o Brasil. Raul, arremessando por baixo, também deixou o seu. Fernandez logo em seguida anotou outro para os hermanos. Diego Simonet, em contra-ataque, empatou para a Argentina em 6 a 6 aos 22 minutos. Portela, em jogada de velocidade, virou a partida para os rivais do Brasil. Com um equilíbrio impressionante, Maik pegando 4% das bolas e Schulz, goleiro hermano, 53%, a primeira etapa terminou em 11 a 9 para a Argentina.
JOGO É DECIDIDO NA PRORROGAÇÃO
O Brasil começou o segundo tempo descontando com Alemão e trouxe a diferença do jogo para apenas um gol: 11 a 10. Pizarro fez em seguida, mas Thiagus logo deixou o dele. Com gols de Diogo e Thiagus, o Brasil empatou em 13 a 13 com quatro minutos. Falhando no ataque seguinte e cedendo duas boas situações para a Argentina, a seleção viu os hermanos novamente na frente com Pizarro: 15 a 14, aos sete minutos. Sebastian Simonet fez 16 a 14. Diego Simonet, em jogada individual, colocou 17 a 14. Mas Teixeira diminuiu. E Diogo, em sete metros, deixou novamente a seleção por um gol. Crescendo no jogo, Thiagus empatou em 17 a 17. Teixeira, com 15 minutos, decretou a virada para 18 a 17.
Lucas Cândido, de rosca, manteve o Brasil liderando por 19 a 17. Tchê deixou a seleção brasileira com dois gols de frente ao fazer 20 a 18. Diego Simonet, na raça, descontou. Maik, com o pé, evitou o empate aos 19 minutos e vibrou demais. No ataque seguinte, de novo sozinho, agora com Fernandez, Maik tirou com a cabeça de forma impressionante. E na saída de bola Oswaldo fez 21 a 19. Thiagus fez outro: 22 a 19 aos 21 minutos. Diego e Pablo Simonet, porém, voltaram a colocar os argentinos no jogo com dois gols seguidos. Contudo, o Brasil tratou de escapar no placar de novo com Oswaldo e Teixeira: 24 a 21. Faltando 1min30s, Fernandez empatou o jogo em tiro de sete metros: 24 a 24. Nos seis segundos finais, Diogo desperdiçou sete metros e a decisão foi para a prorrogação, em dois tempos de cinco minutos.
Salvador, Maik mais uma vez foi decisivo em chutes de 6m dos argentinos e também nos lançamentos, como no passe para Borges fazer 26 a 25. Teixeira, no ataque seguinte, colocou 27 a 25. Carou descontou no segundo final do primeiro tempo da prorrogação. Carou e Fernandez empataram no começo do segundo tempo da prorrogação. Lucas Cândido fez 28 a 27, mas Thiagus levou dois minutos de suspensão e complicou as coisas faltando três minutos para o fim da prorrogação. Faltando um minuto, Zeba fez em sete metros e colocou 29 a 27. Brasil campeão.
Por Thierry GozzerDireto de Toronto, Canadá
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