A Fundação Cearense de Meteorologia e Recurso Hídricos (Funceme), divulgou na manhã desta quarta-feira, 1°, que as chuvas entre fevereiro e maio de 2015 no Ceará ficaram abaixo da média histórica do período, contribuindo para o agravamento do atual ciclo de estiagem no Estado, iniciado em 2012. O déficit de precipitações ficou em 30,1%, ou seja, choveu 424,7mm enquanto a média para o quadrimestre é de 607,4mm.
Nos meses de janeiro e fevereiro de 2015, a Funceme emitiu prognósticos apontando maior probabilidade de chuvas abaixo da média para os trimestres Fevereiro/Março/Abril e Março/Abril/Maio, e, após observados os dados pluviométricos, foi confirmada a categoria mais provável em ambos os prognósticos. “Cerca de 80% do que chove durante o ano fica concentrado no quadrimestre fevereiro a maio. Esse desvio negativo no índice de chuva em 2015 nos preocupa principalmente quanto ao aporte de água, pois os reservatórios estão mostrando queda nos níveis pelo quarto ano seguido e, agora, passado o primeiro semestre, é muito difícil termos chuvas com intensidade suficiente para recarga nos açudes”, afirma Eduardo Sávio Martins, presidente da Funceme.
Ele também demonstra preocupação com as chuvas de 2016 no Ceará, pois dados preliminares mostram forte tendência de atuação do El Niño (aquecimento anômalo no Oceano Pacífico Equatorial) no início do próximo ano. “Ainda é cedo para uma previsão oficial, até porque temos que analisar as temperaturas do Atlântico também, mas temos que nos preparar para o pior cenário”, afirma.
Ao fim deste ano, segundo o presidente da Funceme, caso não haja boas chuvas em novembro e dezembro (período da pré-estação chuvosa do ano seguinte) o Ceará corre o risco de ter o mais forte ciclo quadrienal de estiagem desde 1910, ano em que a série de dados foi iniciada. “Há chance de 2012 a 2015 ser pior que nos anos de 1951 a 1954, época de uma seca severa no Ceará”. Além disso, se 2016 também for seco, adverte Martins, o Ceará pode viver o período de cinco anos de estiagem, superando os difíceis anos de 1979 a 1983.
A quadra chuvosa de 2015
Nesta quadra chuvosa, segundo os números da Funceme, Maio foi o mês mais crítico, com -56,6% de desvio, seguido de abril (-40,4%) e fevereiro (-23,9%). Em março, a precipitação se aproximou da normal climatológica, porém o desvio percentual permaneceu negativo (-13,1%). Contudo, cabe observar que, segundo a climatologia, março e abril são os meses mais chuvosos, com médias históricas de 206,2 e 184,3 mm, respectivamente, enquanto em maio a média mensal para o estado é de apenas 89,9 mm e em fevereiro ela alcança 127,1mm.
A região Jaguaribana foi a macrorregião mais afetada, com desvio percentual de -42,0%, seguida, proximamente, do Sertão Central e Inhamuns (-37,5%) e região da Ibiapaba (-32,7%). As macrorregiões do Cariri e do Maciço de Baturité apresentaram desvios percentuais semelhantes, de -28,6% e -28,2%, respectivamente. O Litoral Norte e o Litoral de Pecém se aproximaram de sua média histórica, porém, abaixo dela, ficando com desvios percentuais de -14,8% e -11,9%, respectivamente. O menor desvio envolveu a macrorregião do Litoral de Fortaleza (-9,2%), também próximo da média, mas, ainda abaixo dela. A precipitação observada, durante a quadra chuvosa de 2015 em todas as macrorregiões do Estado do Ceará ficaram, portanto, abaixo de suas médias históricas.
O município de Jaguaretama, na macrorregião Jaguaribana, foi o que apresentou o menor total acumulado de precipitação entre fevereiro a maio, com apenas 180,2 mm, o que equivale a -69,4% em relação à normal climatológica do município para o período. Por outro lado, o município que apresentou o maior total acumulado de precipitação nesse mesmo período foi Ibiapina, na Serra da Ibiapaba, com 1.245,2 mm e desvio percentual de -1,1%.
Anos anteriores
Com um desvio percentual de -30,1%, durante os meses de fevereiro a maio, o Ceará, em 2015, mostrou um quadro pior do que o ano de 2014, que apresentou um desvio de -24,2%. Nos últimos 10 anos, os períodos de fevereiro a maio menos favorecidos corresponderam a 2010 (-50,2%), 2012 (-50,2%), 2013 (-40,0%), 2014 (-24,2%) e 2015 (-30,1%). O ano de 2015, com precipitação média observada de 424,6 mm e desvio percentual de -30,1%, não se situou entre os dez anos mais secos registrados no Ceará desde 1951.
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